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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Resumo geral sobre os Livros Apócrifos!

 Resumo geral sobre os Livros Apócrifos


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                               Cursos de Teologia e Capelania

 O termo “apocryfa”( neutro plural do adjetivo grego apokryphos, “oculto” ) é um termo técnico concernente a relação de certos livros para com o cânon do AT, no sentido que, apesar de não serem aprovados para o ensino público, não obstante tem valor para estudo e edificação particulares.
O Cânon é a Lista dos livros do AT e NT inspirados por Deus e, consequentemente, normativos para a fé e vida moral dos fiéis. O cânon dos livros inspirados formou-se definitivamente já na era apostólica. Mas houve dúvidas sobre determinados livros do AT e do NT, sobretudo entre o II e o IV séculos, devido à proliferação de livros apócrifos. Tais livros são chamados deuterocanônicos, porque foram reconhecidos como canônicos pela Igreja universal num segundo momento. Os deuterocanônicos do NT são: Hebreus, 2Pedro, Judas, Tiago, 2-3João e Apocalipse; os do AT são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e 1-2Macabeus. Estes últimos não constam nas Bíblias editadas pelas Igrejas protestantes, que os consideram apócrifos. A Igreja Católica pronunciou-se definitivamente sobre o cânon no Concílio de Trento (1546).
Os livros apócrifos são escritos judaicos ou cristãos não usados na liturgia e na teologia. Promovem muitas vezes doutrinas estranhas e mesmo heréticas. Para recomendá-las aos leitores são apresentados como pretensas revelações de personagens bíblicos do AT e do NT. Mas não foram inseridos entre os livros canônicos. Há livros apócrifos tanto do AT como do NT. As Igrejas protestantes chamam de apócrifos aqueles livros do AT que os católicos consideram deuterocanônicos. Os que os católicos chamam apócrifos, os protestantes consideram pseudepígrafos ( Falsos escritores. Livros que têm título falso, isto é, falsamente atribuídos a certo autor. Com este termo as Igrejas católicas englobam os livros do AT que na Igreja protestante são considerados apócrifos. ). Para o NT adotam a mesma terminologia dos católicos.
No concílio de Trento em uma sessão de 15 de Abril de 1546, decretou que 11 dos 16 livros apócrifos são canônicos. Este concílio pronunciou anátema contra qualquer que contrariasse as suas decisões. Este assunto foi motivo de séria controvérsia entre os anos 1821 e 1826 de que resultou a sua exclusão de todas as edições da Bíblia publicadas pela sociedade bíblica de Londres. A igreja anglicana, pelo tempo da reforma, nos seus 39 artigos ( 1563 e 1571 ), seguiu precisamente a maneira de ver de S. Jerônimo, não julgando os apócrifos como livros das Santas Escrituras, mas aconselhando a sua leitura “para exemplo de vida e instrução de costumes”. Permaneceram pois incluídos definitivamente na lista dos livros inspirados da igreja católica sete livros denominados deuterocanônicos. Os livros são considerados apócrifos pelas Igrejas protestantes; por isso não constam em suas Bíblias, como também nas Bíblias hebraicas.
Estes livros que, utilizados esporadicamente pelos padres da igreja ou pelos antigos escritores eclesiásticos, não foram aceitos pela igreja cristã ( apócrifos ).
A palavra apócrifo ( grego = apokrypha ), originalmente, significa oculto, mas passou a significar espúrio. Os livros apócrifos do AT são:
- Tobias: Um romance no tempo do cativeiro de Israel pela Assíria.
- Judite: Um romance no tempo de Nabucoconosor. Escrito cerca de 100 A.D.
- I e II Macabeus: Obras históricas de grande valor sobre a era dos Macabeus. Escritas cerca de 100 a.C.
- Sabedoria: Obra sapiencial, escrito por um judeu de Alexandria, cerca de 100 a.C.
- Eclesiástico: Parecido com o livro de Provérbios. Chama-se também a sabedoria de Jesus, filho de Siraque. Escrito cerca de 180 a.C.
- Baruc: Obra escrita cerca de 300 a.C. e que dá a entender ser de autoria de Baruc, o escriba de Jeremias.

Estes sete livros apócrifos, são aqueles ao qual encontramos na Bíblia católica, no entanto existem também outros 09 livros apócrifos do AT que são:

- I Esdras ( Na vulgáta III Esdras )
- II Esdras ( Na vulgáta IV Esdras )
- A parte restante de Ester
- Cântico dos Três Mancebos
- A História de Suzana
- Bel e o Dragão
- A Oração de Manassés
- III e IV Macabeus


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Estes 16 livros são genuínos, mas não de inspiração divina e de autoridade igual a da Bíblia. Nunca fizeram parte do sagrado cânon, jamais foram citados por Cristo nem pelos apóstolos.
Servem-nos para exemplo de vida e instrução de costumes, ainda que sem autoridade em matéria de fé.
Os livros apócrifos do AT foram acrescentados as Sagradas Escrituras, pela primeira vez e contra a vontade dos judeus, na tradução do AT pelos LXX, em Alexandria no Egito, 282 a.C. E deve-se lembrar que o apóstolo Paulo lembrou depois: “Aos judeus foram confiados os oráculos de Deus”, Rm. 3:2. Há, também, alguns livros apócrifos do NT:
- O Evangelho Segundo Hebreus
- O Evangelho Segundo São Tiago
- Os Atos de Pilatos
- ETC....
É tão raro que se encontre um livro, não canônico, anexo a manuscritos do NT que nunca se tratou seriamente de incluir qualquer deles no Cânon.
Abaixo segue uma lista dos sete livros que são encontrados na Bíblia católica, e explicados um a um segundo a sua história.

Tobias

Tobias é um dos sete livros deuterocanônicos, isto é, incluídos definitivamente na lista dos livros inspirados da Igreja Católica só no Concílio de Trento (1546). O livro é considerado apócrifo pelas Igrejas protestantes; por isso não consta em suas Bíblias, como também nas Bíblias hebraicas.
Este livro deveria ser intitulado Tobit, o pai de Tobias e personagem principal desta bela historieta familiar de sabor patriarcal. O relato, de cunho novelístico, conta uma história edificante, na qual são atualizados e recomendados certos ensinamentos da Lei, dos Profetas e dos Sábios israelitas e pagãos: Um israelita piedoso, chamado Tobit, é deportado para Nínive, no tempo de Salmanasar, rei da Assíria, pouco antes da destruição de Samaria (722 a.C.). Depois de conquistar uma posição de influência junto a Salmanasar, é denunciado pelos ninivitas por dar sepultura aos seus correligionários, mortos pelo rei. Em conseqüência, perde todos os seus bens e pouco depois acaba ficando cego. Nesta desoladora situação, sua mulher Ana passa a afligi-lo, criticando a inutilidade das obras de misericórdia por ele praticadas. Tobit recorre então a Deus em sua oração e chega a desejar a morte. Lembra-se, porém, de um depósito em dinheiro que havia deixado com um certo Gabael, em Rages, na Média. Resolve por isso enviar para lá o seu filho Tobias para recuperar a quantia.
Simultaneamente em Ecbátana, na Média, outra família judia, parente de Tobit, está aflita: Sua filha única, Sara, havia perdido sete maridos na noite de núpcias, por maldade do demônio Asmodeu. Desesperada, Sara também reza. Deus envia então seu anjo Rafael, disfarçado na figura de Azarias, para resolver os problemas de Tobit e Sara. Azarias acompanha Tobias na viagem para Rages. Os dois viajantes hospedam-se na casa de Ragüel, parente de Tobit e pai de Sara. Rafael aconselha Tobias a pedir a mão de Sara, que seria curada do mau espírito pelo remédio extraído do peixe durante a viagem. O casamento se realiza, o dinheiro é recuperado e, na volta, Tobit é curado. Depois que ambas as famílias reencontram a felicidade, Rafael se revela e desaparece.
O relato é perpassado de orações de louvor e súplica (3,2-6.11-15; 8,5-8.15-17; 11,14; 13,1-18), de ensinamentos sapienciais (4,3-19; 12,6-20; 14,10s) e de cenas pitorescas e familiares: o choro de Ana na despedida do filho (05,17-23), o cão que acompanha Tobias (6,1; 11,4), a serva que com uma lâmpada vai espiar os noivos dormindo (8,13), a impaciente espera pela volta do filho (10,1-7).
Apesar de Tb estar incluído entre os livros históricos e das referências a fatos, lugares e personagens da história universal, não passa de um relato popular didático e de cunho edificante. As informações históricas são imprecisas e o autor não parece conhecer a geografia e a topografia dos locais onde a história se passa. Além de se valer da literatura legislativa, profética e sapiencial de Israel, o autor recorre à história e aos ensinamentos do sábio assírio Aicar, famosos em todo o Médio Oriente. Chega até mesmo a fazer de Aicar o sobrinho de Tobit (veja a nota em Tb 1,21-22).
O livro de Tobias foi escrito, provavelmente, em hebraico ou aramaico, mas o texto se perdeu. Conhecemos o livro pelas versões latina e grega. A versão latina é da Vulgata; S. Jerônimo a fez, corrigindo a versão latina anterior (Vetus Latina) com base num manuscrito aramaico. A versão grega é representada por dois grupos de manuscritos: Há uma versão mais longa, representada pelo códice Sinaítico do séc. IV d.C., e outra mais curta, em uso na igrejas gregas e em algumas traduções modernas, representada pelos códices Vaticano e Alexandrino. Na presente tradução seguimos o códice Sinaítico, considerado o melhor, recorrendo ao texto mais breve nos casos de lacuna.
O livro de Tb foi escrito provavelmente por volta do ano 200 a.C. Seu autor é desconhecido e o local de composição ignorado. Os destinatários parecem ser os judeus da diáspora, isto é, que moram fora da Palestina. A estes judeus desprotegidos no meio dos pagãos, o autor propõe o exemplo de Tobias. Recomenda-lhes a confiança na providência divina, representada pelo anjo Rafael, a fidelidade à Lei, a prática da esmola, o amor aos pais, a oração e o jejum, a integridade do matrimônio e o cuidado e respeito pelos mortos. Quer mostrar que o israelita fiel a seu Deus e à sua religião nunca está só, mas é objeto da especial proteção divina. Manifesta também a esperança de que quando Deus reunir o seu povo de todas as nações (13,5), então também os pagãos se converterão ao Senhor para formarem um único povo de Deus (14,6s).


Judite

O livro recebeu o nome de seu personagem principal, uma mulher. Ela personifica os ideais religiosos e nacionais do judaísmo, que resiste às potências pagãs e opressoras de todos os tempos. No livro, elas são representadas por Nabucoconosor e por seu general Holofernes.
Na Primeira Parte do livro (c. 1–3) Nabucodonosor é apresentado como o vencedor dos medos e o conquistador do Ocidente. Na Segunda Parte (c. 4–7) se descrevem as angústias de Betúlia, uma cidade-fortaleza cercada por Holofernes, por ousar resistir ao seu avanço sobre Jerusalém. Esta parte é dominada pela figura do amonita Aquior, o qual, durante um conselho de guerra no acampamento de Holofernes, faz um resumo da história de Israel (c. 5 –6). Aquior aconselha a não atacar os judeus, sem antes verificar se eles são culpados diante de Deus; é que o povo eleito é salvo sempre que se mantém fiel ao seu Deus. Acusado de colaborar com o inimigo, Aquioré entregue nas mãos dos judeus e Betúlia é sitiada. A Terceira Parte (c. 8–16) descreve como a cidade, após trinta dias de cerco e sem água, está prestes a se render ao inimigo, sob a pressão da população angustiada. Neste momento intervém uma jovem viúva, piedosa e cheia de coragem.
Depois de se preparar com jejuns e orações dirige-se ao acampamento inimigo, fingindo querer entregar a cidade. Com sua beleza, astúcia e habilidade nas palavras, consegue engambelar Holofernes. No momento oportuno, após um banquete, decapita o general que estava bêbado e leva triunfante sua cabeça a Betúlia. Ao se verem sem chefe, os inimigos se põem em fuga e são facilmente desbaratados pelos judeus. Aquior se converte, o povo louva a Deus e a coragem de Judite e esta compõe um cântico de ação de graças. O livro termina com sacrifícios de ação de graças em Jerusalém e uma notícia sobre a morte de Judite, após longa e feliz velhice.
Apesar do nacionalismo que transparece em todo o livro, Judite não foi incluído no cânon judaico; por isso as Igrejas protestantes o consideram “apócrifo”. Na Igreja Católica, após algumas dúvidas iniciais, sobretudo da parte de S. Jerônimo, o livro foi aceito como canônico e definitivamente incluído no cânon pelo Concílio de Trento (1546).
Judite foi escrito, provavelmente, em hebraico ou aramaico. Mas o texto que veio até nós é o da versão grega dos Setenta. A versão da Vulgata resultou de uma revisão que S. Jerônimo fez da antiga versão latina feita da versão grega, corrigida à luz de um texto aramaico. A nossa versão se baseia no texto grego da edição crítica da Septuaginta de Göttingen (R. Hanhart, 1979).
À primeira vista, Jt parece relatar fatos históricos. O episódio da libertação de Betúlia é colocado dentro de um contexto histórico; aparecem nomes de povos, pessoas e cidades e mencionam-se fatos que pertencem à história. Mas o leitor atento, logo notará que o interesse do livro não é histórico: Nabucodonosor é apresentado como rei dos assírios em Nínive (1,1.7.11; 4,1), ele que reinou na Babilônia (604-562 a.C.) quando Nínive já fora destruída (612 a.C.); o retorno do exílio da Babilônia é apresentado como um fato recente (4,3) e o templo como já reconstruído; há nomes de cidades e roteiros de campanhas militares puramente fictícios. O autor mistura com a maior naturalidade fatos históricos de épocas distintas. O episódio de Judite inspira-se em modelos relatados em outros livros bíblicos: nas figuras de Débora e Jael em luta contra o general cananeu Sísara (Jz 4–5), na astúcia de Simeão e Levi (Gn 34), de Tamar (Gn 38), de Aod (Jz 3,12-30) e de Gideão (Jz 6–8).
O livro de Judite é, pois, uma novela histórica, um escrito edificante (midraxe hagádico) para ilustrar a tese do autor a respeito do papel e do destino de Israel na história. O próprio nome da heroína principal é simbólico: Judite significa “a judia”. A mulher simboliza, portanto, a coragem que o autor quer transmitir aos judeus nos momentos trágicos de sua história.
O autor é um judeu desconhecido que, provavelmente, escreve na Palestina após o ano 150 a.C. Ele quer encorajar os seus contemporâneos, ainda traumatizados pela perseguição de Antíoco Epífanes, a se manterem fiéis à Lei de Deus e aos costumes da nação. Pois Deus está presente na história do povo eleito que se mantém fiel à sua fé, como o lembra Judite: “O nosso Deus está conosco” (13,11). Deus salva os que lhe são fiéis; quando os castiga, nem sempre é para punir possíveis pecados, mas para provar os que lhe estão próximos (8,25-27). Judite é, pois, um instrumento da justiça divina que age na história em favor de seu povo ameaçado. No caso de Holofernes é aplicada a lei do talião: Ele queria seduzir o povo eleito à idolatria (como Antíoco Epífanes); por isso foi seduzido e morto por uma mulher. Judite, enfim, é o modelo de fidelidade para todos que confiam e esperam na proteção divina. Deus é que salva. Mas ele pode exigir, como no caso de Judite, uma participação generosa e mesmo heróica de alguns para salvar o seu povo.
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Macabeus

Os dois livros dos Macabeus são assim denominados por causa do apelido do mais ilustre filho de Matatias, Judas, chamado o Macabeu (“Martelo”). Não constam na Bíblia Hebraica e são considerados apócrifos pelos judeus e pelas Igrejas protestantes. Na Igreja Católica foram incluídos nas listas de livros canônicos desde o séc. IV. Definitivamente inseridos no cânon durante o Concílio de Trento (1546), os dois livros dos Macabeus completam a lista dos sete livros deuteronômicos. Ambos foram transmitidos em grego, mas 1Mc foi provavelmente traduzido de um original hebraico, que se perdeu. Nossa tradução segue a edição crítica, preparada por W. Kappler-R. Hanhart, da Septuaginta de Göttingen.
O tema geral dos dois livros é o mesmo: Descrevem as lutas dos judeus, lideradas por Matatias e seus filhos, contra os reis sírios (selêucidas) e seus aliados judeus, pela libertação religiosa e política da nação.


O PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS se ocupa de um período mais amplo da guerra de libertação do que 2Mc. Começa com a perseguição de Antíoco Epífanes (175 a.C.) e vai até a morte de Simão (134 a.C.), o último dos filhos de Matatias. Depois de uma breve introdução sobre os governos de Alexandre Magno e seus sucessores (1,1-9), o autor passa a mostrar como Antíoco Epífanes tenta introduzir à força os costumes gregos na Judéia (1,10-63). Descreve a revolta de Matatias (2,1-70), cuja bandeira da libertação passa primeiro a Judas Macabeu (3,1–9,22), depois a seu irmão Jônatas (9,23–12,53) e por fim a Simão (13,1–16,24). Graças a estes três líderes, a liberdade religiosa é recuperada, o país se torna independente e o povo torna a gozar de paz e tranqüilidade.
O autor é um judeu da Palestina. Conhece bem os livros sagrados e imita a maneira tradicional de escrever história dos autores bíblicos. Deve ter composto sua obra pelo ano 100 a.C. De fato, não parece estar longe dos fatos narrados e tem simpatia pelos romanos, que ocupariam a Palestina em 63 a.C. Ao narrar as lutas pela libertação, o autor é sóbrio e procura ser objetivo. Mesmo assim, nota-se que tende a favor dos Macabeus e está contra os gregos e os judeus apóstatas, seus aliados.
Na luta de seus heróis ele vê uma “guerra santa”, a intervenção divina para salvar Israel. Deus, contudo, parece distante e separado dos homens, aos quais cabe a iniciativa nas ações. Por respeito ao nome de Deus, evita chamá-lo de “Senhor”. Refere-se a Deus com expressões como “Salvador de Israel” (4,30), “Céu” (3,18.19.60; 4,24; 12,15) ou “Ele”. Tem veneração pelos livros sagrados (1,56s; 3,48; 12,9), sobretudo pela Lei, intimamente ligada à aliança (2,22.27.50). Vê nas desgraças do povo um castigo por seus pecados e infidelidades. Mas procura levá-lo a confiar em Deus (3,20.53), pois ele não abandona os que lutam para lhe serem fiéis (2,61; 3,18; 4,10). Os heróis de 1Mc invocam a Deus antes das batalhas (4,10.30-33; 5,33; 7,40-42; 9,46; 11,71), certos de que mais vale a ajuda do Céu do que a força dos exércitos (3,19).

O SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS não é uma continuação dos fatos narrados por 1Mc. É antes um relato paralelo a 1Mc 1–7. Começa com os fatos do tempo do Sumo Sacerdote Onias III e do rei Seleuco IV (180 a.C.) e termina pouco antes da morte de Judas Macabeu, com a derrota de Nicanor (161 a.C.). Apresenta-se como um resumo de uma obra mais ampla, em cinco volumes, de um tal de Jasão de Cirene (2,19-32). Este Jasão mostra-se bem informado ao menos sobre a situação em Jerusalém, a administração selêucida e seu funcionalismo.
Não é fácil precisar até onde vai o trabalho do autor do resumo. Contudo, além de ter inserido duas cartas no início de sua obra escrita em grego, a ele devemos atribuir o prefácio (2,19-32) e o epílogo (15,37-39), além de algumas reflexões moralizantes (5,7-20; 6,12-17). O seu “resumo” consiste em se alongar em alguns episódios que lhe interessam; as partes onde é mais conciso que 1Mc servem para ligar tais episódios seletos.
O autor do resumo é um desconhecido, profundamente religioso, talvez um fariseu. É um apaixonado pela causa dos judeus e grande admirador de Judas Macabeu, seu herói principal. A obra de Jasão de Cirene deve ter sido composta em torno de 130 a.C. E o “resumo” deve ser posterior a 124 a.C. (data da primeira carta: 1,9) e anterior a 63 a.C., quando Jerusalém foi ocupada pelos romanos. Como se nota pelas duas cartas iniciais e pelo prólogo, o “resumo” foi composto em Alexandria e sobretudo para leitores da comunidade judaica local. O autor quer interessá-los na recente história conturbada dos judeus na Palestina, finalmente libertados por Deus através da iniciativa de Judas Macabeu, e convidá-los a participar na festa da Dedicação do Templo. Ao longo de seu livro quer deixar claro que Deus continua a amar, proteger e salvar o povo eleito, apesar do pecado de alguns de seus membros.
Para atingir o seu fim, recorre ao gênero literário, freqüente no helenismo, da “história patética”. Isto é, os fatos históricos são embelezados com vários recursos literários de modo a levar o leitor a participar nos sentimentos de dor, repulsa, alegria e admiração do autor. Esta é também a finalidade das freqüentes exortações e das aparições maravilhosas (14,15). Apesar do caráter religioso da obra, do gênero literário empregado e do exagero nas cifras de vítimas e forças militares em jogo, não faltam elementos históricos seguros na obra, inclusive documentos provavelmente autênticos (cf. 1,1–2,18; 9,19-27; 11,17-38).
Além dos temas doutrinários tradicionais, aparecem no livro alguns temas mais recentes, que terão repercussão no NT: a criação do mundo do nada (7,28), a ressurreição do justos no último dia (7 12,43-45; 14,46), a intercessão dos vivos pelos vivos (3,31-36) e pelos mortos (12,38-45), e dos santos no céu pelos vivos (15,11-16)

Cronologia dos Macabeus

Era
Selêucida-Cristã Texto
137-175 Antíoco Epífanes se torna rei: 1Mc 1,10
143-169 Vencedor no Egito, pilha o templo: 1Mc 1,20
145-167 Profanação do altar, revolta de Matatias: 1Mc 1,54
146-166 Morte de Matatias, substituído por Judas: 1Mc 2,70
147-165 Incursão de Antíoco na Mesopotâmia: 1Mc 3,37
148-164 O altar é novamente consagrado: 1Mc 4,52
149-163 Morte de Antíoco: 1Mc 6,16
150-162 Judas assedia a Cidadela de Jerusalém: 1Mc 6,20
151-161 Demétrio no trono selêucida: 1Mc 7,1
152-160 Báquides e Alcimo enfrentam Judas e este morre: 1Mc 9,3
153-159 Morte de Alcimo: 1Mc 9,54
160-152 Alexandre Epífanes, rei em Ptolemaida: 1Mc 10,1
160-152 Jônatas, Sumo Sacerdote: 1Mc 10,21
162-150 Casamento de Alexandre e Cleópatra, filha de Ptolomeu VI: 1Mc 10,57
165-147 Demétrio chega de Creta: 1Mc 10,67
167-145 Demétrio se torna rei: 1Mc 11,19
170-142 Israel sacode o jugo. Simão se torna rei: 1Mc 13,41
172-140 Demétrio prisioneiro de Arsaces: 1Mc 14,1
172-140 Inscrição em honra de Simão: 1Mc 14,27
174-138 Antíoco cerca Trifão em Dora: 1Mc 15,10
177-134 Morte de Simão, sucedido por João: 1Mc 16,14
169-143 Carta dirigida aos judeus do Egito: 2Mc 1,7
188-124 Carta enviada aos judeus do Egito: 2Mc 1,10
148-164 Cartas: 2Mc 11,21
148-164 Cartas: 2Mc 11,33
148-164 Cartas: 2Mc 11,38
149-163 Antíoco Eupátor ataca Judá: 2Mc 13,1
151-161 Alcimo visita Demétrio: 2Mc 14,4


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Sabedoria

Título e conteúdo: Sabedoria é um dos cinco livros chamados sapienciais. Nos manuscritos gregos, língua original em que foi escrito, seu nome é “ Sabedoria de Salomão” . Na Vulgata de São Jerônimo é chamado “Livro da Sabedoria”, nome pelo qual hoje é em geral conhecido.
O título até certo ponto se justifica, pois o livro pertence à corrente sapiencial que se honra do patrocínio do sábio rei Salomão. Tem contatos com os Provérbios, com o Eclesiástico e polemiza com o Eclesiastes. Como em Pr 8 e Eclo 24, a Sabedoria ocupa neste livro um lugar central. De fato, na primeira parte, após um convite para buscar a Sabedoria (1,1-15), o autor mostra a importância da Sabedoria no destino da humanidade (1,16–5,23); na segunda parte descreve a origem, a natureza, a ação da Sabedoria e aponta os meios para adquiri-la (6–9); por fim, na terceira parte (10–19), mostra como ela age na história de Israel (10,1–11,3).
Mas a partir de 11,4 a Sabedoria cede lugar a Deus, a seu sopro, a seu espírito, à sua palavra e ao seu poder. Mesmo assim, o autor continua a tratar do tema eminentemente sapiencial da retribuição dos justos e dos ímpios, abordado na primeira parte: Depois de explicar por que, às vezes, o justo também sofre (3,1-12), não tem filhos (3,13–4,6) e morre prematuramente (4,7-19), o autor insiste na tese da recompensa do justo e punição do ímpio após a morte. Nesta perspectiva, na terceira parte (10–19) faz um midraxe do êxodo, comprovando por vários exemplos do passado que o justo prospera enquanto o ímpio perece.
O autor é um desconhecido. Trata-se, sem dúvida, de um judeu helenista, piedoso e fiel à educação religiosa recebida dos pais (2,12); confia na onipotência do Deus dos pais (9,1), tem horror à idolatria, à imoralidade e ao laxismo dos pagãos (13–14) e sente orgulho de pertencer ao povo eleito (2,18).
Lugar e data: A insistência nos fatos do êxodo, que envolveram egípcios e israelitas, e a polêmica contra a adoração de divindades representadas por animais, torna provável o Egito como local de composição do livro; mais especificamente a cidade de Alexandria, onde vivia uma florescente comunidade judaica, interessada no diálogo entre o judaísmo e a cultura helenística.
O autor conhece a versão grega dos Setenta (séc. III a.C.), mas não parece conhecer Filo de Alexandria (15 aC-50 d.C.). Mostra-se preocupado com a ameaça de perseguições da parte de pagãos contra judeus piedosos, como as que se deram no Egito sob Ptolomeu VII (145-117) e Ptolomeu VIII (117-81). Tudo isso torna provável a composição do livro entre os anos 130 e 50 a.C.
Destinatários e finalidade do livro: O autor põe suas palavras na boca de Salomão, e as dirige aos seus colegas reis (1,1; 6,1-9.21), exortando-os a bem governar o povo (8,9-15). Mas os verdadeiros destinatários são outros: judeus de Alexandria e do Egito em geral e os pagãos entre os quais vivia a comunidade judaica. Aos seus irmãos de fé dirige palavras de encorajamento para resistirem às tentações da cultura helênica e permanecerem fiéis ao Deus da aliança. O tipo de vida do povo eleito, sua habitual resistência aos costumes pagãos (2,15-16) provocavam o ódio e o desprezo dos egípcios e até verdadeiras perseguições. Diante do perigo de apostasia que elas representavam, o autor quer despertar a fé na intervenção providencial de Deus em favor de seus fiéis, recordando-lhes os prodigiosos fatos do êxodo e a esperança na recompensa após a morte.
Quer levar os pagãos ao conhecimento do verdadeiro Deus, à descoberta do sentido último da vida humana e mostrar-lhes a superioridade da sabedoria judaica sobre a filosofia grega.
Do ponto de vista doutrinário, a grande novidade deste livro é a fé na recompensa após a morte: Deus fez o homem para a imortalidade ( incorruptibilidade:2,23), vista não como conseqüência de uma natureza imortal da alma, como na filosofia grega, mas como fruto do dom divino dado aos que lhe são fiéis. Aos maus, porém, espera a morte eterna. Ao homem cabe escolher no decorrer de sua vida terrena entre a vida, sendo fiel a Deus, ou a morte, colocando-se contra o seu Criador, na senda dos ímpios.
As reflexões do livro sobre a Sabedoria personificada, seu papel criador (7,12.22; 8,5s) e cósmico (7,24; 8,1), sua relação com o Espírito de Deus (1,16; 7,7.22s) e sua função na história da salvação (10–19) preparam as reflexões do NT sobre o mistério da pessoa divino-humana de Jesus Cristo, “a imagem do Deus invisível, primogênito de toda criatura”(Cl 1,15).


Eclesiástico

O Eclesiástico é chamado também Sirácida por causa do nome do autor, “Jesus filho de Sirac, filho de Eleazar de Jerusalém”(50,27). O título mais antigo parece ter sido “Sabedoria de Jesus filho de Sirac”. O nome Eclesiástico provém do título latino Ecclesiasticus; o livro era assim denominado nos manuscritos latinos, desde os tempos de São Cipriano († 258), por causa do uso que a Igreja fazia deste livro na catequese dos catecúmenos e neobatizados.
A obra reúne sentenças, máximas e provérbios às vezes sem nexo aparente, outras vezes agrupados em torno de um tema. Podem-se distinguir duas partes: de 1–23 e de 24–50, cada uma iniciada por um louvor à sabedoria. O capítulo final serve de apêndice. Outros preferem distinguir uma primeira parte (1,1–42,14) que reúne conselhos de caráter sobretudo moral, e uma segunda parte (42,15–50,29) que contém uma reflexão sobre as obras de Deus na criação e na história de Israel. Por motivos práticos dividimos o livro em cinco partes, além do apêndice (c. 51).
O próprio livro nos mostra o autor como um nobre de Jerusalém, que desde a juventude se dedicou com amor ao estudo da sabedoria e da Lei (51,18-30), preocupado em transmitir sua experiência aos outros (24,34;33,18). A obra foi escrita em hebraico entre os anos 200 e 175 a.C. É o que se deduz das informações do prólogo, escrito pelo neto do autor, quando este traduziu a obra de seu avô para o grego, pelo ano 130 a.C., no Egito. De fato, ainda não se percebe no livro o violento choque entre o judaísmo e a cultura helênica, que Antíoco Epífanes (175-163) quis impor mais tarde à força aos judeus, provocando a revolta dos Macabeus (167 a.C.). Mas as simpatias de certos setores do judaísmo pela cultura grega já se faziam notar. Com isso o perigo de uma mistura de culturas e de um sincretismo religioso se tornava cada vez mais evidente.
Para enfrentar esta ameaça o autor escreve sua obra, colocando-se na defesa dos valores religiosos e culturais do judaísmo, de sua concepção de Deus e do mundo. Quer reavivar nos leitores judeus a fé na sua eleição divina, mostrar-lhes que a Lei dada a Israel é superior ao pensamento grego, e que nela se encerra a verdadeira sabedoria. Esta consiste em última análise na conformidade da vida com a lei de Deus, para conseguir uma felicidade neste mundo. Para tanto, procura chegar a uma síntese entre a religião tradicional e os princípios da sabedoria, aprofundados na experiência pessoal do autor.
Do ponto de vista doutrinal, o Eclesiástico não apresenta progressos significativos em relação a Jó e Provérbios. A novidade maior talvez esteja em relacionar a sabedoria com a história de Israel (44,1–49,16). O homem é visto como uma criatura livre (15,14). Como tal, a ele cabe a responsabilidade do mal moral e não a Deus (15,11-13; 21,27; 25,24). Mas o temor de Deus (1,11-20) e a certeza da retribuição divina lhe dão a possibilidade de vencer o mal (31,10). A recompensa que Deus dá, porém, é ainda colocada nos limites da vida terrena (8,7; 14,17; 28,6; 40,1-11). A esperança numa recompensa após a morte só virá com Macabeus e Sabedoria.
O Eclesiástico não faz parte da Bíblia hebraica, fato pelo qual foi também excluído do cânon pelas Igrejas protestantes. Com isso os originais hebraicos foram se perdendo. A Igreja Católica, apesar de algumas reticências, por exemplo de São Jerônimo, acabou incluindo o Eclo definitivamente no cânon, no Concílio de Trento (1546). Entre 1896 e 1900, numa velha sinagoga do Cairo, no Egito, reencontrou-se parte do texto hebraico do Eclo. Entre 1931 e 1966 foram encontrados novos fragmentos, especialmente nas grutas de Qumrân e na fortaleza de Massada, perto do mar Morto. Com isso o texto hebraico hoje conhecido perfaz dois terços do livro. Nossa tradução segue o texto grego da edição de J. Ziegler (Göttingen 19802) . Nos manuscritos gregos, por um acidente de transmissão, os capítulos 33,13b–36,16b foram removidos de seu contexto. A ordem certa dos capítulos é a das versões siríaca e latina, confirmada hoje pelos fragmentos hebraicos; é a ordem que seguiremos.


Baruc

Com o título geral de “Livro de Baruc” aparecem na Bíblia dois escritos diferentes: o livro de Baruc propriamente dito (c. 1–5) e a Carta de Jeremias (c. 6). Esta, aliás, nas edições gregas, é separada do livro pela inserção das Lamentações entre ambos.
Mas o próprio livro de Baruc tem uma composição complexa: além da introdução histórica, que situa a redação do livro na Babilônia, cinco anos após a destruição de Jerusalém (1,1-14), distinguem-se duas partes: a primeira, em prosa (1,15–3,8), é uma confissão dos pecados e uma súplica, a serem feitas pelos israelitas diante de Deus; a segunda, em verso (3,9–5,9), encerra uma exortação sapiencial (3,9–4,4) e um oráculo de restauração (4,5–5,9).
O autor é pós-exílico, talvez do século II a.C., mas atribui seu escrito ao discípulo e secretário de Jeremias, reproduzindo em 1,1 sua genealogia, apresentada em Jr 32,12. Assim, a situação do exílio é revivida pelos integrantes da Diáspora, ansiosos também eles pela restauração de Israel.
O principal ensinamento doutrinário é que as tribulações do povo eleito são consideradas conseqüência de suas infidelidades a Deus e à Lei. Esta, apresentada como o caminho da Sabedoria, é o meio de se restaurar a liberdade e a paz.
A “Carta de Jeremias”, inspirada na carta do profeta à primeira leva de exilados (Jr 29,4-23) e reproduzindo, quanto ao conteúdo, as idéias do seu oráculo contra os ídolos (Jr 10,1-16), desenvolve exaustivamente o tema já abordado pelo Sl 115 e pelo Segundo Isaías (Is 44,9-20 e 46,1-8). É um escrito pseudo-epigráfico, redigido também no século II, visando a preservar da idolatria os judeus dispersos.
Ambos os escritos não se encontram na Bíblia Hebraica: se redigidos originalmente em hebraico, como o dá a entender a versão de Teodocião (que só inclui textos traduzidos do hebreu o do aramaico), esse original se perdeu, restando apenas o texto grego. Por isso, integram o grupo dos deuterocanônicos. Ambos são preciosos como testemunho: são os únicos da Bíblia, além do de Tobias, que se referem à vida dos judeus dispersos, firmemente unidos, na contrição e na esperança, a seu povo.


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OS LIVROS APÓCRIFOS DO NOVO TESTAMENTO

Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de primitiva data, que pretenderiam dar novas informações acerca de Jesus Cristo e seus apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos pri­meiros cristãos. Ainda que casualmente algum livro não canônico se ache apenso a manuscritos do N. T., isto é contudo tão raro que podemos dizer que, na realidade, nunca se tratou seriamente de incluir qualquer deles no cânon.
As obras apócrifas do NT têm formas paralelas aos li­vros do NT. Já se sabe alguma coisa a respeito de mais de cinqüenta evangelhos apócri­fos. Alguns deles foram conservados na sua totalidade, outros, em fragmentos, e ainda outros são conhecidos apenas pelo nome. Nestes, geralmente, o autor ocultou seu pró­prio nome e atribuiu sua obra a um apóstolo ou discípulo. Aqueles que estão disponíveis na sua totalidade são: Evangelho segundo os He­breus (há fragmentos do segundo século); O Proto-evangelho de Tiago (irmão do Senhor); o Evangelho de Pseudo-Mateus; O Evangelho da Natividade de Maria; a História de José, o Carpinteiro; o Evangelho segundo Tomé; o Evangelho da Infância; o Evangelho segundo Nicodemos; o Evangelho segundo Filipe; o Evangelho dos Egípcios.
Numerosos Atos dos Apóstolos também foram compostos. Entre os mais conhecidos está a coletânea chamada Atos Leucianos, porque foram colecionados por Léucio. Estas obras fragmentárias, em número de cinco, incluem Atos, os de Paulo e Tecla (segundo século), e os de Pedro (terceiro século). Epís­tolas, a de Barnabé (fim do pri­meiro século). Apocalypses, o de Pedro (segundo século), Os Atos de Pilatos.


Epístolas apócrifas não são tão numerosas, porque era mais difícil falsificá-las ao ponto de apresentarem alguma aparência de autenticidade. Entre as mais conhecidas está a Epistola dos Apóstolos, que tratava de tendências heréticas; a Epístola aos Laodi­censes (cf. Cl 4.16), seleções das cartas de Paulo (especialmente Filipenses); 3ª Corintios e a Correspondência entre Paulo e Sêneca.
Os apocalipses eram modelados de modo semelhante ao Livro do Apocalipse no NT. Os mais famosos entre eles são: o Apocalipse de Pedro (século II) e o Apocalipse de Paulo (século IV). Entre outras coisas, os dois têm visões do céu e do inferno, com cenas de bem-aventurança e descrições lúgubres do castigo.
Uma das mais relevantes descobertas de obras apócrifas do NT foi feita em 1946, em Nag Hammadi, cerca de 50 km. ao norte de Luxor, no Egito. Eram trinta e sete obras completas, e cinco obras fragmentárias, geralmente com uma tendência gnóstica, todas escritas em cóptico, traduzidas de originais gregos.


LIVROS PSEUDOEPÍGRAFOS

Nenhum artigo sobre os livros apó­crifos pode omitir estes inteira­mente, porque de ano para ano esta sendo mais compreendida a sua importância. Chamam-se Pseu­doepigraficos, porque se apresen­tam como escritos pelos santos do Antigo Testamento. Eles são am­plamente apocalípticos; e repre­sentam esperanças e expectativas, que não produziram boa influencia no primitivo Cristianismo. Entre eles podem mencionar-se o Livro de Enoch (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-lhe varias datas, pelos últimos dois séculos antes da era cristã. Os Segredos de Enoch (slavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo, na pri­meira metade do primeiro século A. D. O Livro dos Jubileus (dos is­raelitas), ou o Pequeno Gênesis, tratando de particularidades do Gênesis d'uma forma imaginaria e legendaria, escrito por um fariseu
entre os anos 135 e 105 A. C. Os Testamentos dos Doze Patriarcas:
É este livro um alto modelo de en­sino moral. Pensa-se que o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 A. C., e a tradução grega, em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 A. D. Os Oráculos Si­bylinos, Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 A. C. sendo a porção mais moder­na do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos. Os Salmos de Sa­lomão entre 70 e 40 A. C. As Odes de Salomão, cerca do ano 100 da nossa era, são provavelmente es­critos cristãos. O Apocalypse Sy­naco de Baruch (2 Baruch), 60 a 100 A. D. O Apocalypse grego de Baruch (3 Baruch), do segundo século, A. D. A Assunção de Moy­sés 7 a 30 A. D. A Ascensão de Isaías, do primeiro ou do segundo século A. D.



Cordialmente,

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