Israel no Exílio - Uma Interpretação Teológica
INTRODUÇÃO
Podemos dizer que este livro se divide em três importantes aspectos:
1- Mostra como a experiência do exílio toca tanto as realidades políticas-econômicas como o colapso do sistema de símbolos. É a ligação entre os símbolos e os aspectos mais concretos da nossa vida que criam uma situação profundamente sentida de não ter pátria.
2 - Se o problema é reconhecido e de maneira geral aceito em Israel, as reações a ele no antigo testamento, tanto a partir de Babilônia como da Palestina, são ricas e variadas. O autor leva plenamente em consideração a atual ênfase dada fluidez e flexibilidade da fé bíblicas em respostas a questões culturais. O sofrimento de Israel é demasiado profundo para admitir apenas uma resposta.
3 - Embora a crise de Israel tenha muitas dimensões, o exílio em última instância precisa ser encarado em termos de Deus, da liberdade da fidelidade de Deus, do poder e da misericórdia de Deus. No contexto da modernidade sentimos a terrível tentação de definir o problema e buscar sua solução em outros planos, mas Israel nunca teve esta dúvida.
O exílio de Israel
Como tudo aconteceu
No ano de 597 a.C., Nabucodonosor deportou de Judá o rei Joaquin, membros da família real, nobres, proprietários de terras, líderes militares, anciãos, artesãos, sacerdotes e profetas. Embora o total dos deportados somasse apenas 10.000 ou pouco menos, eram pessoas das classes de liderança e sua perda representou severo golpe para o reino meridional. Consideramos como começo do exílio esta primeira deportação.
Nos dez anos que se seguiram após 597 Judá viveu sob Sedecias, tio de Joaquim. Em 589 a 588 este fraco rei fantoche rebelou - se contra seus senhores babilônicos, o que levou Nabucodonosor a sitiar Jerusalém. Cerca de dois anos mais tarde à cidade caiu. O rei Sedecias foi capturado quando tentava fugir, o templo foi incendiado e mais pessoas foram exilados. Quando Golias, o governador nomeado pelos babilônicos, foi assassinado, muitos cidadãos de Judá e de benjamim fugiram ao Egito, levando consigo o profeta Jeremias. Somos informados sobre a terceira deportação em 582, e a libertação do rei Joaquin em 561, mas de resto a Bíblia guarda relativo silêncio sobre fatos históricos, até que Ciro, o primeiro rei do império persa, tomou Babilônia em 539 e permitiu que alguns judeus voltassem a Palestina. Para os fins que temos em vista, a queda de Babilônia em 539 servirá como o evento final do período exílico.
Vida no exílio significou morte, deportação, destruição e a devastação.
O Israel exílico era nação derrotada, que perdera a sua independência, em sua terra, sua monarquia, seu tempo.
O exílio trouxe inúmeros problemas físicos e sócio-econômicos a Israel, como por exemplo, o templo de Jerusalém foi incendiado. Considerado estrado dos pés de Deus (Lamentações 2,1), o lugar da morada de Javé (I Reis 8,13; Ezequiel 43,7), o seu lugar de repouso (Salmos 132,14), ou um lugar onde se podia ver a sua face (Isaías 1,12).
O templo era o símbolo da eleição do povo e a lembrança das ações infalíveis de Deus na história a seu favor. Agora esse templo tinha sido consumido pelo fogo e os inimigos tinham invalidado o santuário que estranhos não deviam sequer pisar (lamentações 1,10; Deuteronômio 23,3-4).
Outro problema era o fim da dinastia davídica. Não havia Javé prometido dinastia eterna a Davi (segunda Samuel 7)? Agora Sedecias tinha sido preso, seus dois filhos assassinados diante dos seus olhos e ele cegado. Seu sobrinho Joaquin, que reinara por apenas três meses em 597, era prisioneiro da Babilônia.
O que significava tudo isso para a fidelidade do Deus da promessa davídica?
A promessa de descendentes foi um dos itens fundamentais da tradição patriarcal. A terra, herança de Israel, estava agora em mãos de estrangeiros. Porque Javé não cumpriu sua promessa? Era fraco demais ou está irado com seu povo?
A aliança do Sinai oferecia escolha entre vida e bênção ou morte e maldição até a época do deuteronomísta.
Quando Josias descobriu o livro da lei, perceberá logo quando desesperadamente próxima estava maldição. Mas em 597 e 587 as maldições da aliança tinham efetivamente caído sobre Israel. A aliança do Sinai já não podia ser a base para exortação e para uma opção positiva. A aliança havia sido rompida por Israel. O mesmo tipo de dilema era posto pela dizimação dos sacerdotes pelo exílio e as execuções e pela cessação dos sacrifícios.
O poder de Deus no êxodo do Egito, a sua proteção na conquista, seus triunfos nos mais de seis séculos de Israel na terra, pareciam irrelevantes, passados, deixado de ser a prova adequada do reino de Javé.
Em suma, quase todos os antigos sistemas de símbolos se haviam tornado inúteis. Quase todas as antigas instituições não funcionavam mais. Que tipo de futuro era possível para um povo que atribuía a sua escolha exclusiva a um Deus que acabara de perder uma guerra para outras divindades? Que tipo de futuro podia esperar um povo que de tal modo havia abandonado o seu Deus que sua resposta foi à rejeição.
Alguns israelitas reagiram ao exílio protestando a própria inocência. Queixavam-se de que os pecados dos pais foram visitados nos filhos, e que o pecado de alguns reis e apóstatas, provocou a ira de Javé sobre todos.
O exílio nas lamentações de Jeremias
O autor das lamentações estava evidentemente familiarizado com os terríveis eventos do cerco final de Jerusalém e com a miséria da vida no país depois de 587, e articulou o seu sofrimento através de numerosas fases dessa devastação.
A. O escárnio do inimigo.
B. O sofrimento dos eleitos.
C. O âmbito da destruição.
D. Carestia e fome.
E. Mas o pior resultado da fome foi o canibalismo: mães comeram seus próprios filhos numa tentativa desesperada de permanecer vivas. Não admira que o poeta considerasse seu sofrimento incomparável.
Significativamente, para os poetas, os maiores pecadores eram os líderes religiosos. Os profetas e sacerdotes derramaram o sangue de inocentes dentro de Jerusalém.
As lamentações foram escritas à sombra da queda de Jerusalém e da miséria subseqüente. O poeta não encontrou nenhuma esperança nas tradições dos pais, do êxodo, da terra, descendência de Davi.
O próprio Javé é à parte que coube ao profeta.
Como ajuda de Deus que é permanente, o poeta conclui que Deus é sempre bom para com os que o procuram. Mas o silêncio as esperanças em Deus deve ser acompanhada da silenciosa aceitação do sofrimento, com seus golpes. Mas é a aceitação do sofrimento em vista de ser libertado. O povo responde com a confissão dos seus pecados. Foram seus pecados não perdoados que levaram Deus a matar sem piedade, a sua solidez as orações, as zombaria dos inimigos, e a ruína total do povo.
Durante o exílio Ezequiel e deutero-Isaías apelaram para a realeza de Deus manifestada no novo êxodo.
Israel queixava-se que Deus o rejeitou. Israel suplica a um Deus que parece estar dormindo. Contra este registro de rejeição o povo protesta sua inocência. E declaram uma passagem bíblica: “os pais comer um dos verdes e os dentes dos filhos se embotaram” (Jeremias 31,29; Ezequiel 18,2).
É Deus rejeitando seu próprio povo, pois está irado com ele.
O exílio na história deuteronomística
História deuteronomística é o nome dado aos livros do Deuteronômio, Josué, juízes, primeiro e segundo Samuel e primeiro e segundo reis.
Deuteronomística foi, portanto, uma espécie de confissão do pecado de Israel. O autor não pretendia apresentar narração objetiva dos fatos da história.
Assim, desde o início da história de Israel na terra prometida até o fim, o comportamento do povo poderia ser caracterizado como descumprimento da aliança. A isso se opunha a fidelidade de Javé que prometeu e cumpriu, que o dom da terra acrescentou o dom da lei e que, a um passo da terra, também anunciara com trágica precisão: "eles romperam minha aliança" (Deuteronômio 31,20).
Portanto, a sorte de Israel deve ser sua própria culpa, a sua infidelidade, a sua violação da aliança desde o princípio até o fim.
No entanto, o deuteronomístico indicou que o ciclo de pecado, castigo, libertação não duraria para sempre.
Israel pecou no período dos Juizes escolhendo outros deuses e pedindo um rei como tinham as outras nações
E a natureza do pecado do povo, naquela época, é especificada por uma série de passagens que julgam Israel culpado pela transgressão da lei de Moisés e pela sua mistura com outros povos e o culto dos seus deuses.
Foram, portanto, os próprios pecados de Israel nos primeiros tempos, os responsáveis pela presença desses tentadores mortais.
Por causa das promessas feitas a Davi e da perfeita obediência deste, Javé adiou o castigo merecido pelas leis posteriores ou não executou totalmente. Assim a divisão do reino não ocorreu durante a vida de Salomão por causa de Davi e a dinastia meridional conservou uma tribo mesmo depois a divisão, por causa da escolha que Deus fizera de Davi e de Jerusalém. Deuteronomístico condiciona que a promessa a Davi, ou seja, dinastia davídica só será permanente se os filhos de Davi andarem diante de Javé com lealdade, de todo o seu coração e de toda a sua alma. Esse acréscimo deixou claro que apesar das grandes promessas a Davi, estava justificado ao enviar os terríveis acontecimentos de 587. (I Rs. 2-4; 8,25; 9,45;).
O fato de Salomão abandonar Javé e adorar outros deuses teve como conseqüência final à divisão do reino. A partir de então cada um dos dois reinos teve seus pecados especiais e sua história especial de julgamento.
Em toda forma atual de deuteronomístico repete-se insistentemente para que Israel se converta e se arrependa dos seus pecados. A história é cíclica do tempo dos Juizes, passa do pecado para o castigo, mas esse é seguido pelo clamor a Javé e, por fim, pela libertação.
A conversão a Javé, segundo deuteronomístico, deve ser de todo coração (Deuteronômio 30,2; I reis 8,48) e deve ser seguida pela escuta da voz de Javé e observância de todos os mandamentos dados por intermédio de Moisés. A conversão também deve envolver a confissão de Israel, o reconhecimento da justiça das ações de Deus em 721 e 587, é na realidade apenas parte do arrependimento convicção exigida.
O exílio no livro de Jeremias
Jeremias foi sofredor solidário e representativo de Israel nos dias finais. Todo seu corpo tremia ao pensar no ataque dos inimigos e chorou quando viu o sofrimento do povo. Preso ao tronco (Jr. 17:20), ameaçado depois do seu discurso no templo (capítulo 26), molestado por profecias rivais (capítulo 28), presos durante o cerco final da cidade e levado ao Egito contra sua vontade depois de 537 (capítulos 42 a 44), Jeremias sofreu por causa da palavra que proclamava, do mesmo modo que esta palavra sofreu nas mãos do rei Joaquin.
Em nenhuma outra parte do sofrimento de Jeremias aparece mais claro do que nas suas confissões. Sofreu de perseguidores, cujos ataques, na verdade, visavam Javé. A palavra de Deus era sua alegria, sua delícia, mas também trouxe solidão e aflição que refletia a ira de Deus contra Israel.
A resposta de Deus as queixas de Jeremias foi uma dura verdade. Não lhe acenou com nenhuma possibilidade de fuga. Exige o arrependimento do profeta e prometeu lhe dar mais trabalhos na mesma linha de missão. Jeremias aprofundou sua compreensão na natureza de Deus. Apesar de sofrer dolorosamente sobre exigências da sua missão, Jeremias sabia que seria salvo e não acabaria abandonado.
A primeira resposta de Jeremias a experiência do exílio refere-se ao exílio do Reino setentrional, que fora tomado cerca de um século antes do começo do seu ministério.
Jeremias viu na vitória de Babilônia sobre Jerusalém o ato de julgamento de Deus. A rendição a Babilônia era a única conseqüência lógica e teológica a ser tirada da análise da infidelidade idólatra de Judá e sua supersticiosa confiança no templo. O inimigo do norte, cujas vendas Jeremias tinha anunciado com temor e tremor nos seus primeiros oráculos, apareceu por ordem de Javé em 587 a.C.
Numa carta notável aos que tinham sido deportados para a Babilônia em 597, Jeremias descartou qualquer esperança de voltar do exílio. Ao contrário, instou para que o povo se instalasse por longo tempo. Deviam construir casas e morar nelas, plantar pomares e comer dos seus frutos, casar os filhos e filhas. Jeremias até exortou o povo a orar por Babilônia.
É certo que o futuro príncipe ou governador prometido será um israelita nativo, mas não é mencionado qualquer relacionamento do futuro monarca com a dinastia davídica ou com a realeza.
Podemos dizer que 587 é a resposta de Javé ao pecado do povo. Javé é o agente, mas o pecado de Israel é a causa do desastre de 587. Dadas às circunstâncias, Javé tinha pouca margem de escolha: "Javé já não se pôde conter diante da maldade de vossos atos, diante das coisas abomináveis que fizeste" (Jeremias 44,22) o Israel exílico não podia alegar falta de aviso, pois deuteronomística repetidamente lembra as advertências feitas a Israel pelos profetas no decorrer da sua história, advertências que sempre foram ignoradas. Até o profeta mais recente, de Jeremias, que deuteronomística compara com Moisés, ofereceu aos judeus uma oportunidade de arrepender-se e assim experimentar o perdão de Deus, mas também a isto o povo se negou a ouvir.
O ano de 587 foi o resultado justo irrespirável da violação da aliança celebrada com os pais.
O fato de Israel não aproveitar a oferta de misericórdia de Deus antes e depois de 587 deixou perfeitamente claro porque Deus deu vitória a Nabucodonosor sobre Jerusalém em 587, e porque ele deu vitória sobre o Egito, o reforço de alguns judeus exilados, em 569 a 568.
A causa da presente calamidade de Israel foi a sua própria culpa, que se estende desde a época dos patriarcas no tempo do êxodo, até o presente.
O mal da atual geração, ainda maior que o dos pais, é uma das respostas de deuteronomística. Israel queixava-se, dizendo o seguinte ditado: “os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram. (Jeremias 31,29; Ezequiel 18,2)”.
Ao mesmo tempo deuteronomística prometeu que este provérbio não seria mais usado no futuro, porque cada pecador seria castigado pelos seus próprios pecados (Jeremias 31,29 e 30).
Porque deuteronomística de diversas maneiras tomou conhecimento dos problemas da retribuição coletiva, mas considerou que essas sutilezas teológicas eram irrelevantes para as queixas dos seus ouvintes atuais: seus pecados, piores que o de seus pais, justificavam plenamente os acontecimentos de 587, dos quais Javé era o autor.
Deuteronomística começa a carta de Jeremias aos exilados com essas palavras surpreendentes: "Quando se completarem, para a Babilônia, 70 anos, eu vos visitarei e realizarei minha promessa de vos fazer retornar a este lugar".
Javé prometeu que o povo oraria e que suas preces seriam eficazes: “vós me invocareis, vireis e rezareis a mim e eu vos escutarei” (Jeremias 29,12).
A nova aliança de deuteronomística seria diferente no sentido de que Javé poria sua lei no meio do povo e a escreveria no seu coração. A nova aliança diferia da antiga, não no sentido de que era uma aliança só de graça, sem qualquer expectativa de obediência, mas no sentido de que obediência sempre integraria a aliança e a aliança nunca seria rompida Javé prometeu implantar seu temor no coração de Israel, para que não se afastasse mais dele (Jeremias 32,40).
Esta aliança provém do próprio Deus e da sua intervenção graciosa: "Perdoarei sua culpa e não me lembrarei mais do seu pecado" (Jeremias 31,34).
Ezequiel e o exílio
Entre os deportados de Jerusalém para a Babilônia em 597 estavam o rei Joaquin e Ezequiel, o sacerdote, filho de Busi. Embora Joaquim tivesse reinado por apenas três meses, sua importância e poder continuaram mesmo durante o exílio.
Em documentos babilônicos, Joaquim foi mencionado como "O rei de Judá" informa-se que seus cinco filhos recebiam alimentação da dispensa real. Assim, Joaquin manteve o seu status de rei, também no exílio.
A missão de Ezequiel era a de levar novas muito más. Seus ouvintes incluíam todo Israel, tanto o reino do norte como o do Sul, presumivelmente também todo Israel que existiu desde o êxodo até o exílio.
O profeta haveria de confrontar-se com sua dureza: sua fronte seria semelhante ao diamante, mas duro que a rocha. Seu critério não seria o sucesso. Ao contrário, deveria falar a palavra de Javé, quer escutassem, quer não (Ezequiel 2,5. 7; 3,11. 27).
Durante os primeiros seis anos do seu ministério exílico, Ezequiel teve que anunciar um não final a história de Israel. Esta é em si mesma uma voz importante do exílio.
A realeza de Deus significa que ele realizaria novo êxodo, sem dúvida uma promessa em que não era fácil acreditar no começo do exílio.
A descrição futura de Ezequiel inclui uma aliança de paz eterna. A nova aliança permanecerá para sempre. Com corolário desta permanência é que o Israel da restauração será fiel e obediente. Deus tornará possível a nova obediência de Israel, transformando-o interiormente.
Todas as esperanças de Ezequiel para o futuro se concentram na presença perene de Deus no meio do seu povo.
O livro de Ezequiel contém a vocação do profeta em que receberia perigosa missão de vigia. Deveria advertir o povo acerca da sua iniqüidade. Se ouvirem, tudo bem; se não ouvirem, morrerão, mas Ezequiel estará isento de culpa.
A função de vigia de Ezequiel e seu chamado para que o povo volte, refletem agora uma tensão criadora. Uma fé que se agarra aos raios do nascente futuro de Deus, deve ser uma fé ativa na obediência no amor.
Por causa da corrupção total do povo, Ezequiel não anunciou nem desejou qualquer modo de Israel escapar da espada de Nabucodonosor. Entretanto, suas palavras depois de 587 estão repletas de esperança. Javé realizaria novo êxodo seguido de retorno a Jerusalém, seria bom pastor e devolveria vida ao Israel morto no exílio.
Ezequiel acreditava que deus seria fiel a suas antigas promessas e que ele era livre para agir.
Deutero-Isaías e o exílio
Javé não foi punindo insensível, cego e surdo o sofrimento de Israel. Ao contrário, abandonou o povo porque este pecava contra ele e se recusaram a obedecer a sua lei.
Javé não sobrecarregou Israel com numerosas exigências, mas Israel alcançou Javé com seus pecados, iniqüidades e rebeliões.
Javé não repudiou seu povo, como esposo cruel não vendeu seus cidadãos como escravos a fim de pagar suas dívidas. Israel foi vendido por causa das suas iniqüidades, a mãe Sião foi vendida por causa da sua iniqüidade.
A disposição de perdoar de Javé vem da própria iniciativa graciosa. Com isso revela o tipo de esquecimento divino que é a única esperança de Israel.
A mensagem de clemência contida nos discursos de julgamento contra Israel e em outras partes do deutero-Isaías mostra que Javé está realmente disposto a salvar.
Apesar de todas as misérias físicas acarretadas pelo exílio, os problemas mais sérios para os israelitas eram de natureza teológica. Como podiam crer no Deus que perdera a última guerra? Porque não adorar os deuses da Babilônia, pois, afinal, quem foi vitorioso não foram seus exércitos? O deutero-Isaías discuti essas questões em uma série de discursos de julgamento entre Javé e as nações.
Javé promete uma coisa nova, ele esta se referindo ao êxodo de Israel saindo do exílio babilônico, juntamente com suas causas e conseqüências. O deutero-Isaías insiste em que Israel não limitasse seus horizontes teológicos a recontar antigas histórias da salvação, mas a esperar que Deus estava disposto e era capaz de realizar novo êxodo, como fizera no passado.
Resposta ao exílio em sacerdotal
Como podia Israel acreditar que essas promessas da aliança eternas se tornariam realidade? Que o exílio efetivamente terminaria? Essas dúvidas sacerdotais respondem de duas maneiras:
a. Apontando para os cumprimentos anteriores das promessas de Javé.
b. Descrevendo a superioridade de Deus sobre o poder tirânico, manifestado na opressão de Israel pelo Egito.
A deuteronomística deixou claro que a queda de Israel era resultado inevitável injustificado de vários séculos de busca de outros deuses.
A proposta do livro
Este livro propõe de escrever seis obras literárias da época do exílio: os lamentos exílio cujos (o livro das lamentações e são selecionados); a história deuteronomística era, os profetas Jeremias, Ezequiel e de outro Isaías; o documento sacerdotal no Pentateuco. Nestes escritos teremos que às profundezas do exílio foi ocasião para algumas das idéias mais profundas de tudo antigo testamento. Esses escritores tiraram o máximo proveito do desastre.
O versículo chave do estudo
"convertei-vos, cada um, de vosso caminho mal e da perversidade de vossas ações e habitareis o território que javé deu a vós e a vossos pais desde sempre e para sempre" (Jeremias 25,5; 35,15).
Moral da história
Até boas novas não são fáceis de pregar quando os ouvintes duvidam da capacidade ou da disposição de Javé de salvar, ou quando se recusam a aceitar a salvação nas condições de Deus. A fonte da salvação era o perdão livre e merecido de Deus. Sua forma era sucesso militar de gentios, no caso o rei Ciro.
Considerações Finais
Este estudo do exílio de Israel não só mostrou quão profunda e dolorosa foi a queda de Jerusalém, mas também revelou a grande variedade de tradições sobre Javé que deram coragem à confiança dos habitantes de Jerusalém e as suas orações. É interessante notar que a garantia profética de salvação se baseava na realeza de Javé.
Podemos dizer que este livro se divide em três importantes aspectos:
1- Mostra como a experiência do exílio toca tanto as realidades políticas-econômicas como o colapso do sistema de símbolos. É a ligação entre os símbolos e os aspectos mais concretos da nossa vida que criam uma situação profundamente sentida de não ter pátria.
2 - Se o problema é reconhecido e de maneira geral aceito em Israel, as reações a ele no antigo testamento, tanto a partir de Babilônia como da Palestina, são ricas e variadas. O autor leva plenamente em consideração a atual ênfase dada fluidez e flexibilidade da fé bíblicas em respostas a questões culturais. O sofrimento de Israel é demasiado profundo para admitir apenas uma resposta.
3 - Embora a crise de Israel tenha muitas dimensões, o exílio em última instância precisa ser encarado em termos de Deus, da liberdade da fidelidade de Deus, do poder e da misericórdia de Deus. No contexto da modernidade sentimos a terrível tentação de definir o problema e buscar sua solução em outros planos, mas Israel nunca teve esta dúvida.
O exílio de Israel
Como tudo aconteceu
No ano de 597 a.C., Nabucodonosor deportou de Judá o rei Joaquin, membros da família real, nobres, proprietários de terras, líderes militares, anciãos, artesãos, sacerdotes e profetas. Embora o total dos deportados somasse apenas 10.000 ou pouco menos, eram pessoas das classes de liderança e sua perda representou severo golpe para o reino meridional. Consideramos como começo do exílio esta primeira deportação.
Nos dez anos que se seguiram após 597 Judá viveu sob Sedecias, tio de Joaquim. Em 589 a 588 este fraco rei fantoche rebelou - se contra seus senhores babilônicos, o que levou Nabucodonosor a sitiar Jerusalém. Cerca de dois anos mais tarde à cidade caiu. O rei Sedecias foi capturado quando tentava fugir, o templo foi incendiado e mais pessoas foram exilados. Quando Golias, o governador nomeado pelos babilônicos, foi assassinado, muitos cidadãos de Judá e de benjamim fugiram ao Egito, levando consigo o profeta Jeremias. Somos informados sobre a terceira deportação em 582, e a libertação do rei Joaquin em 561, mas de resto a Bíblia guarda relativo silêncio sobre fatos históricos, até que Ciro, o primeiro rei do império persa, tomou Babilônia em 539 e permitiu que alguns judeus voltassem a Palestina. Para os fins que temos em vista, a queda de Babilônia em 539 servirá como o evento final do período exílico.
Vida no exílio significou morte, deportação, destruição e a devastação.
O Israel exílico era nação derrotada, que perdera a sua independência, em sua terra, sua monarquia, seu tempo.
O exílio trouxe inúmeros problemas físicos e sócio-econômicos a Israel, como por exemplo, o templo de Jerusalém foi incendiado. Considerado estrado dos pés de Deus (Lamentações 2,1), o lugar da morada de Javé (I Reis 8,13; Ezequiel 43,7), o seu lugar de repouso (Salmos 132,14), ou um lugar onde se podia ver a sua face (Isaías 1,12).
O templo era o símbolo da eleição do povo e a lembrança das ações infalíveis de Deus na história a seu favor. Agora esse templo tinha sido consumido pelo fogo e os inimigos tinham invalidado o santuário que estranhos não deviam sequer pisar (lamentações 1,10; Deuteronômio 23,3-4).
Outro problema era o fim da dinastia davídica. Não havia Javé prometido dinastia eterna a Davi (segunda Samuel 7)? Agora Sedecias tinha sido preso, seus dois filhos assassinados diante dos seus olhos e ele cegado. Seu sobrinho Joaquin, que reinara por apenas três meses em 597, era prisioneiro da Babilônia.
O que significava tudo isso para a fidelidade do Deus da promessa davídica?
A promessa de descendentes foi um dos itens fundamentais da tradição patriarcal. A terra, herança de Israel, estava agora em mãos de estrangeiros. Porque Javé não cumpriu sua promessa? Era fraco demais ou está irado com seu povo?
A aliança do Sinai oferecia escolha entre vida e bênção ou morte e maldição até a época do deuteronomísta.
Quando Josias descobriu o livro da lei, perceberá logo quando desesperadamente próxima estava maldição. Mas em 597 e 587 as maldições da aliança tinham efetivamente caído sobre Israel. A aliança do Sinai já não podia ser a base para exortação e para uma opção positiva. A aliança havia sido rompida por Israel. O mesmo tipo de dilema era posto pela dizimação dos sacerdotes pelo exílio e as execuções e pela cessação dos sacrifícios.
O poder de Deus no êxodo do Egito, a sua proteção na conquista, seus triunfos nos mais de seis séculos de Israel na terra, pareciam irrelevantes, passados, deixado de ser a prova adequada do reino de Javé.
Em suma, quase todos os antigos sistemas de símbolos se haviam tornado inúteis. Quase todas as antigas instituições não funcionavam mais. Que tipo de futuro era possível para um povo que atribuía a sua escolha exclusiva a um Deus que acabara de perder uma guerra para outras divindades? Que tipo de futuro podia esperar um povo que de tal modo havia abandonado o seu Deus que sua resposta foi à rejeição.
Alguns israelitas reagiram ao exílio protestando a própria inocência. Queixavam-se de que os pecados dos pais foram visitados nos filhos, e que o pecado de alguns reis e apóstatas, provocou a ira de Javé sobre todos.
O exílio nas lamentações de Jeremias
O autor das lamentações estava evidentemente familiarizado com os terríveis eventos do cerco final de Jerusalém e com a miséria da vida no país depois de 587, e articulou o seu sofrimento através de numerosas fases dessa devastação.
A. O escárnio do inimigo.
B. O sofrimento dos eleitos.
C. O âmbito da destruição.
D. Carestia e fome.
E. Mas o pior resultado da fome foi o canibalismo: mães comeram seus próprios filhos numa tentativa desesperada de permanecer vivas. Não admira que o poeta considerasse seu sofrimento incomparável.
Significativamente, para os poetas, os maiores pecadores eram os líderes religiosos. Os profetas e sacerdotes derramaram o sangue de inocentes dentro de Jerusalém.
As lamentações foram escritas à sombra da queda de Jerusalém e da miséria subseqüente. O poeta não encontrou nenhuma esperança nas tradições dos pais, do êxodo, da terra, descendência de Davi.
O próprio Javé é à parte que coube ao profeta.
Como ajuda de Deus que é permanente, o poeta conclui que Deus é sempre bom para com os que o procuram. Mas o silêncio as esperanças em Deus deve ser acompanhada da silenciosa aceitação do sofrimento, com seus golpes. Mas é a aceitação do sofrimento em vista de ser libertado. O povo responde com a confissão dos seus pecados. Foram seus pecados não perdoados que levaram Deus a matar sem piedade, a sua solidez as orações, as zombaria dos inimigos, e a ruína total do povo.
Durante o exílio Ezequiel e deutero-Isaías apelaram para a realeza de Deus manifestada no novo êxodo.
Israel queixava-se que Deus o rejeitou. Israel suplica a um Deus que parece estar dormindo. Contra este registro de rejeição o povo protesta sua inocência. E declaram uma passagem bíblica: “os pais comer um dos verdes e os dentes dos filhos se embotaram” (Jeremias 31,29; Ezequiel 18,2).
É Deus rejeitando seu próprio povo, pois está irado com ele.
O exílio na história deuteronomística
História deuteronomística é o nome dado aos livros do Deuteronômio, Josué, juízes, primeiro e segundo Samuel e primeiro e segundo reis.
Deuteronomística foi, portanto, uma espécie de confissão do pecado de Israel. O autor não pretendia apresentar narração objetiva dos fatos da história.
Assim, desde o início da história de Israel na terra prometida até o fim, o comportamento do povo poderia ser caracterizado como descumprimento da aliança. A isso se opunha a fidelidade de Javé que prometeu e cumpriu, que o dom da terra acrescentou o dom da lei e que, a um passo da terra, também anunciara com trágica precisão: "eles romperam minha aliança" (Deuteronômio 31,20).
Portanto, a sorte de Israel deve ser sua própria culpa, a sua infidelidade, a sua violação da aliança desde o princípio até o fim.
No entanto, o deuteronomístico indicou que o ciclo de pecado, castigo, libertação não duraria para sempre.
Israel pecou no período dos Juizes escolhendo outros deuses e pedindo um rei como tinham as outras nações
E a natureza do pecado do povo, naquela época, é especificada por uma série de passagens que julgam Israel culpado pela transgressão da lei de Moisés e pela sua mistura com outros povos e o culto dos seus deuses.
Foram, portanto, os próprios pecados de Israel nos primeiros tempos, os responsáveis pela presença desses tentadores mortais.
Por causa das promessas feitas a Davi e da perfeita obediência deste, Javé adiou o castigo merecido pelas leis posteriores ou não executou totalmente. Assim a divisão do reino não ocorreu durante a vida de Salomão por causa de Davi e a dinastia meridional conservou uma tribo mesmo depois a divisão, por causa da escolha que Deus fizera de Davi e de Jerusalém. Deuteronomístico condiciona que a promessa a Davi, ou seja, dinastia davídica só será permanente se os filhos de Davi andarem diante de Javé com lealdade, de todo o seu coração e de toda a sua alma. Esse acréscimo deixou claro que apesar das grandes promessas a Davi, estava justificado ao enviar os terríveis acontecimentos de 587. (I Rs. 2-4; 8,25; 9,45;).
O fato de Salomão abandonar Javé e adorar outros deuses teve como conseqüência final à divisão do reino. A partir de então cada um dos dois reinos teve seus pecados especiais e sua história especial de julgamento.
Em toda forma atual de deuteronomístico repete-se insistentemente para que Israel se converta e se arrependa dos seus pecados. A história é cíclica do tempo dos Juizes, passa do pecado para o castigo, mas esse é seguido pelo clamor a Javé e, por fim, pela libertação.
A conversão a Javé, segundo deuteronomístico, deve ser de todo coração (Deuteronômio 30,2; I reis 8,48) e deve ser seguida pela escuta da voz de Javé e observância de todos os mandamentos dados por intermédio de Moisés. A conversão também deve envolver a confissão de Israel, o reconhecimento da justiça das ações de Deus em 721 e 587, é na realidade apenas parte do arrependimento convicção exigida.
O exílio no livro de Jeremias
Jeremias foi sofredor solidário e representativo de Israel nos dias finais. Todo seu corpo tremia ao pensar no ataque dos inimigos e chorou quando viu o sofrimento do povo. Preso ao tronco (Jr. 17:20), ameaçado depois do seu discurso no templo (capítulo 26), molestado por profecias rivais (capítulo 28), presos durante o cerco final da cidade e levado ao Egito contra sua vontade depois de 537 (capítulos 42 a 44), Jeremias sofreu por causa da palavra que proclamava, do mesmo modo que esta palavra sofreu nas mãos do rei Joaquin.
Em nenhuma outra parte do sofrimento de Jeremias aparece mais claro do que nas suas confissões. Sofreu de perseguidores, cujos ataques, na verdade, visavam Javé. A palavra de Deus era sua alegria, sua delícia, mas também trouxe solidão e aflição que refletia a ira de Deus contra Israel.
A resposta de Deus as queixas de Jeremias foi uma dura verdade. Não lhe acenou com nenhuma possibilidade de fuga. Exige o arrependimento do profeta e prometeu lhe dar mais trabalhos na mesma linha de missão. Jeremias aprofundou sua compreensão na natureza de Deus. Apesar de sofrer dolorosamente sobre exigências da sua missão, Jeremias sabia que seria salvo e não acabaria abandonado.
A primeira resposta de Jeremias a experiência do exílio refere-se ao exílio do Reino setentrional, que fora tomado cerca de um século antes do começo do seu ministério.
Jeremias viu na vitória de Babilônia sobre Jerusalém o ato de julgamento de Deus. A rendição a Babilônia era a única conseqüência lógica e teológica a ser tirada da análise da infidelidade idólatra de Judá e sua supersticiosa confiança no templo. O inimigo do norte, cujas vendas Jeremias tinha anunciado com temor e tremor nos seus primeiros oráculos, apareceu por ordem de Javé em 587 a.C.
Numa carta notável aos que tinham sido deportados para a Babilônia em 597, Jeremias descartou qualquer esperança de voltar do exílio. Ao contrário, instou para que o povo se instalasse por longo tempo. Deviam construir casas e morar nelas, plantar pomares e comer dos seus frutos, casar os filhos e filhas. Jeremias até exortou o povo a orar por Babilônia.
É certo que o futuro príncipe ou governador prometido será um israelita nativo, mas não é mencionado qualquer relacionamento do futuro monarca com a dinastia davídica ou com a realeza.
Podemos dizer que 587 é a resposta de Javé ao pecado do povo. Javé é o agente, mas o pecado de Israel é a causa do desastre de 587. Dadas às circunstâncias, Javé tinha pouca margem de escolha: "Javé já não se pôde conter diante da maldade de vossos atos, diante das coisas abomináveis que fizeste" (Jeremias 44,22) o Israel exílico não podia alegar falta de aviso, pois deuteronomística repetidamente lembra as advertências feitas a Israel pelos profetas no decorrer da sua história, advertências que sempre foram ignoradas. Até o profeta mais recente, de Jeremias, que deuteronomística compara com Moisés, ofereceu aos judeus uma oportunidade de arrepender-se e assim experimentar o perdão de Deus, mas também a isto o povo se negou a ouvir.
O ano de 587 foi o resultado justo irrespirável da violação da aliança celebrada com os pais.
O fato de Israel não aproveitar a oferta de misericórdia de Deus antes e depois de 587 deixou perfeitamente claro porque Deus deu vitória a Nabucodonosor sobre Jerusalém em 587, e porque ele deu vitória sobre o Egito, o reforço de alguns judeus exilados, em 569 a 568.
A causa da presente calamidade de Israel foi a sua própria culpa, que se estende desde a época dos patriarcas no tempo do êxodo, até o presente.
O mal da atual geração, ainda maior que o dos pais, é uma das respostas de deuteronomística. Israel queixava-se, dizendo o seguinte ditado: “os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram. (Jeremias 31,29; Ezequiel 18,2)”.
Ao mesmo tempo deuteronomística prometeu que este provérbio não seria mais usado no futuro, porque cada pecador seria castigado pelos seus próprios pecados (Jeremias 31,29 e 30).
Porque deuteronomística de diversas maneiras tomou conhecimento dos problemas da retribuição coletiva, mas considerou que essas sutilezas teológicas eram irrelevantes para as queixas dos seus ouvintes atuais: seus pecados, piores que o de seus pais, justificavam plenamente os acontecimentos de 587, dos quais Javé era o autor.
Deuteronomística começa a carta de Jeremias aos exilados com essas palavras surpreendentes: "Quando se completarem, para a Babilônia, 70 anos, eu vos visitarei e realizarei minha promessa de vos fazer retornar a este lugar".
Javé prometeu que o povo oraria e que suas preces seriam eficazes: “vós me invocareis, vireis e rezareis a mim e eu vos escutarei” (Jeremias 29,12).
A nova aliança de deuteronomística seria diferente no sentido de que Javé poria sua lei no meio do povo e a escreveria no seu coração. A nova aliança diferia da antiga, não no sentido de que era uma aliança só de graça, sem qualquer expectativa de obediência, mas no sentido de que obediência sempre integraria a aliança e a aliança nunca seria rompida Javé prometeu implantar seu temor no coração de Israel, para que não se afastasse mais dele (Jeremias 32,40).
Esta aliança provém do próprio Deus e da sua intervenção graciosa: "Perdoarei sua culpa e não me lembrarei mais do seu pecado" (Jeremias 31,34).
Ezequiel e o exílio
Entre os deportados de Jerusalém para a Babilônia em 597 estavam o rei Joaquin e Ezequiel, o sacerdote, filho de Busi. Embora Joaquim tivesse reinado por apenas três meses, sua importância e poder continuaram mesmo durante o exílio.
Em documentos babilônicos, Joaquim foi mencionado como "O rei de Judá" informa-se que seus cinco filhos recebiam alimentação da dispensa real. Assim, Joaquin manteve o seu status de rei, também no exílio.
A missão de Ezequiel era a de levar novas muito más. Seus ouvintes incluíam todo Israel, tanto o reino do norte como o do Sul, presumivelmente também todo Israel que existiu desde o êxodo até o exílio.
O profeta haveria de confrontar-se com sua dureza: sua fronte seria semelhante ao diamante, mas duro que a rocha. Seu critério não seria o sucesso. Ao contrário, deveria falar a palavra de Javé, quer escutassem, quer não (Ezequiel 2,5. 7; 3,11. 27).
Durante os primeiros seis anos do seu ministério exílico, Ezequiel teve que anunciar um não final a história de Israel. Esta é em si mesma uma voz importante do exílio.
A realeza de Deus significa que ele realizaria novo êxodo, sem dúvida uma promessa em que não era fácil acreditar no começo do exílio.
A descrição futura de Ezequiel inclui uma aliança de paz eterna. A nova aliança permanecerá para sempre. Com corolário desta permanência é que o Israel da restauração será fiel e obediente. Deus tornará possível a nova obediência de Israel, transformando-o interiormente.
Todas as esperanças de Ezequiel para o futuro se concentram na presença perene de Deus no meio do seu povo.
O livro de Ezequiel contém a vocação do profeta em que receberia perigosa missão de vigia. Deveria advertir o povo acerca da sua iniqüidade. Se ouvirem, tudo bem; se não ouvirem, morrerão, mas Ezequiel estará isento de culpa.
A função de vigia de Ezequiel e seu chamado para que o povo volte, refletem agora uma tensão criadora. Uma fé que se agarra aos raios do nascente futuro de Deus, deve ser uma fé ativa na obediência no amor.
Por causa da corrupção total do povo, Ezequiel não anunciou nem desejou qualquer modo de Israel escapar da espada de Nabucodonosor. Entretanto, suas palavras depois de 587 estão repletas de esperança. Javé realizaria novo êxodo seguido de retorno a Jerusalém, seria bom pastor e devolveria vida ao Israel morto no exílio.
Ezequiel acreditava que deus seria fiel a suas antigas promessas e que ele era livre para agir.
Deutero-Isaías e o exílio
Javé não foi punindo insensível, cego e surdo o sofrimento de Israel. Ao contrário, abandonou o povo porque este pecava contra ele e se recusaram a obedecer a sua lei.
Javé não sobrecarregou Israel com numerosas exigências, mas Israel alcançou Javé com seus pecados, iniqüidades e rebeliões.
Javé não repudiou seu povo, como esposo cruel não vendeu seus cidadãos como escravos a fim de pagar suas dívidas. Israel foi vendido por causa das suas iniqüidades, a mãe Sião foi vendida por causa da sua iniqüidade.
A disposição de perdoar de Javé vem da própria iniciativa graciosa. Com isso revela o tipo de esquecimento divino que é a única esperança de Israel.
A mensagem de clemência contida nos discursos de julgamento contra Israel e em outras partes do deutero-Isaías mostra que Javé está realmente disposto a salvar.
Apesar de todas as misérias físicas acarretadas pelo exílio, os problemas mais sérios para os israelitas eram de natureza teológica. Como podiam crer no Deus que perdera a última guerra? Porque não adorar os deuses da Babilônia, pois, afinal, quem foi vitorioso não foram seus exércitos? O deutero-Isaías discuti essas questões em uma série de discursos de julgamento entre Javé e as nações.
Javé promete uma coisa nova, ele esta se referindo ao êxodo de Israel saindo do exílio babilônico, juntamente com suas causas e conseqüências. O deutero-Isaías insiste em que Israel não limitasse seus horizontes teológicos a recontar antigas histórias da salvação, mas a esperar que Deus estava disposto e era capaz de realizar novo êxodo, como fizera no passado.
Resposta ao exílio em sacerdotal
Como podia Israel acreditar que essas promessas da aliança eternas se tornariam realidade? Que o exílio efetivamente terminaria? Essas dúvidas sacerdotais respondem de duas maneiras:
a. Apontando para os cumprimentos anteriores das promessas de Javé.
b. Descrevendo a superioridade de Deus sobre o poder tirânico, manifestado na opressão de Israel pelo Egito.
A deuteronomística deixou claro que a queda de Israel era resultado inevitável injustificado de vários séculos de busca de outros deuses.
A proposta do livro
Este livro propõe de escrever seis obras literárias da época do exílio: os lamentos exílio cujos (o livro das lamentações e são selecionados); a história deuteronomística era, os profetas Jeremias, Ezequiel e de outro Isaías; o documento sacerdotal no Pentateuco. Nestes escritos teremos que às profundezas do exílio foi ocasião para algumas das idéias mais profundas de tudo antigo testamento. Esses escritores tiraram o máximo proveito do desastre.
O versículo chave do estudo
"convertei-vos, cada um, de vosso caminho mal e da perversidade de vossas ações e habitareis o território que javé deu a vós e a vossos pais desde sempre e para sempre" (Jeremias 25,5; 35,15).
Moral da história
Até boas novas não são fáceis de pregar quando os ouvintes duvidam da capacidade ou da disposição de Javé de salvar, ou quando se recusam a aceitar a salvação nas condições de Deus. A fonte da salvação era o perdão livre e merecido de Deus. Sua forma era sucesso militar de gentios, no caso o rei Ciro.
Considerações Finais
Este estudo do exílio de Israel não só mostrou quão profunda e dolorosa foi a queda de Jerusalém, mas também revelou a grande variedade de tradições sobre Javé que deram coragem à confiança dos habitantes de Jerusalém e as suas orações. É interessante notar que a garantia profética de salvação se baseava na realeza de Javé.