A Igreja Metodista é a principal expoente do metodismo, religião de fé cristã protestante.
O Metodismo é de origem inglesa, organizado pelo reverendo inglês John Wesley que enfatizou o estudo metódico da Bíblia, e busca a relação pessoal entre o indivíduo e Deus. Iniciou-se com a adesão de egressos da Igreja Anglicana e da Presbiteriana, bem como de dissidentes da Igreja Episcopal Americana.
Em 1784, John Wesley respondeu à falta de pregadores nas colônias (devido à Guerra Revolucionária Americana), ordenando alguns para a América com o poder de ministrar sacramentos. Esta foi uma das principais razões para a separação final do Metodismo da Igreja da Inglaterra, após a morte de Wesley. Esta separação criou, em nível mundial, uma série de denominações de igrejas "do" Metodismo. A influência de George Whitefield sobre a Igreja da Inglaterra também foi um fator na fundação da Igreja Metodista da Inglaterra, em 1844. Através de atividades missionárias vigorosas, o Metodismo se espalhou por todo o Império Britânico, o que se deu principalmente através da pregação de Whitefield, durante o que os historiadores chamam de Primeiro Grande Despertar (na América colonial). Após a morte de Whitefield, em 1770, o Metodismo americano entrou em uma fase Wesleyana e Arminiana mais duradoura de desenvolvimento.
História do metodismo no Brasil
Primeira missão
Em 1835, o Reverendo Foutain Elliot Pitts foi enviado pela Igreja Metodista Episcopal, dos Estados Unidos, com a missão de avaliar as possibilidades do estabelecimento de uma missão metodista nas terras brasileiras. Chegando ao país com uma carta de recomendação do então presidente americano Andrew Jackson, o Rev. Pitts desembarcou no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1836 e 1837, foram enviados o Rev. Justin Spaulding e Rev. Daniel Parish Kidder, com suas respectivas famílias, para comporem a missão. Porém, essa missão é encerrada em 1841 por falta de recursos.
Missão da Igreja Metodista Episcopal do Sul
Com a divisão causada nos Estados Unidos durante a Guerra Civil, a Igreja Metodista Episcopal também se dividiu: no sul, foi criada a a Igreja Metodista Episcopal do Sul e no Norte, os metodistas continuaram com o mesmo nome de antes da guerra.
Junius Estaham Newman foi o primeiro pastor a fixar-se permanentemente no Brasil. "J. E. Newman, recomendado para a Junta de Missões para trabalhar na América Central ou Brasil": essa foi a nomeação que ele recebeu em 1866, na Conferência Anual. Após ter servido durante a Guerra Civil Americana, como capelão às tropas do Sul, observou que muitos metodistas do Sul emigraram para as Américas do Sul e Central e acompanhou-os.
A Guerra deixou endividada a Junta, sem possibilidade de enviar obreiros para qualquer local.[14] Newman financiou sua própria vinda ao Brasil, com suas modestas economias. Chegou ao Rio de Janeiro, Niterói, em agosto de 1867, mas fixou residência em Saltinho, cidade próxima a Santa Bárbara d'Oeste, província de São Paulo. Desde 1869, pregou aos colonos mas, dois anos mais tarde, no terceiro domingo de Agosto, organizou o "Circuito de Santa Bárbara".
O primeiro salão de culto – antes era uma venda – foi uma pequena casa, coberta de sapé e de chão batido. Newman trabalhava com os colonos norte-americanos e pregava em inglês. Um dos motivos da demora de Newman em organizar uma paróquia metodista é que ele pregava principalmente para metodistas, batistas, presbiterianos e a todos que desejassem ouvir sua mensagem, pensando ser mais sábio unir os "ouvintes" em uma única igreja, sem placa denominacional. Mas, depois, todas as denominações organizaram-se em igrejas, de acordo com sua origem eclesiástica nos EUA. Newman insistiu, através de suas cartas, para que os metodistas norte-americanos abrissem uma missão em nosso país.
Em 1876, a Junta de Missões da Igreja Metodista Episcopal Sul, despertada através da publicação das cartas nos jornais metodistas nos EUA, enviou seu primeiro obreiro oficial: Rev. John James Ranson. Dedicou-se ao aprendizado do português para proclamar as boas novas aos brasileiros, sendo o responsável pela criação da primeira publicação metodista no Brasil, o Methodista Catholico.
J. E. Newman e sua família mudaram-se para Piracicaba, SP, onde permaneceram entre 1879 e 1880, quando as filhas de Newman, Annie e Mary, organizaram um internato e externato. O "Colégio Newman" é considerado precursor do Colégio Piracicabano, hoje Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).
A autonomia da Igreja Metodista no Brasil
O movimento pela autonomia começou por volta de 1910. Diversas manifestações surgiram entre a liderança clerical e leiga, que buscavam um episcopado mais próximo do país; anteriormente, os Bispos eram americanos e residiam fora do Brasil, uma constituição própria, regularização dos salários, anteriormente em dólares, e uma igreja mais nacional. [
A Igreja Metodista tornou-se independente da Igreja Americana em 2 de Setembro de 1930, em São Paulo, na Igreja Metodista Central de São Paulo, onde a Comissão Constituinte se encontrou em nove sessões e onde a Constituição promulgada foi entregue às mãos de Guaracy Silveira. Elegeu-se o primeiro bispo da Igreja, chamado Willian Tarboux, que era americano. O primeiro bispo brasileiro metodista foi César Dacorso Filho, eleito em 1934.
História do metodismo em Portugal
A origem da Igreja Metodista em Portugal resultou do testemunho de dois leigos ingleses, Thomas Chegwin, em 1854, e James Cassels, dez anos mais tarde. Ambos foram responsáveis pela iniciação de pequenos grupos no estudo bíblico e na oração, adotando o modelo criado por John Wesley no seu sistema de classes.
Em 1868, foi construída a primeira capela Metodista em Vila Nova de Gaia, onde se celebraram os primeiros batismos infantis e cultos de Sagrada Comunhão. O crescimento do Metodismo, sob a liderança de Cassels, tornou-se evidente - e sucessivos apelos foram dirigidos à Sociedade Missionária Metodista, de Londres, solicitando o envio de um missionário para orientar este trabalho. O pedido acabou por ser atendido e um jovem ministro, Robert Hawkey Moreton, foi enviado em 1871.
Moreton era um homem prudente, que só recebia membros após um período de prova prolongada. Em poucos anos, a Igreja Metodista edificava a Igreja Metodista do Mirante, o seu primeiro lugar de culto na cidade do Porto, e lançava a sua grande cruzada educacional contra a grande taxa de analfabetismo através da abertura de Escolas Primárias. Entretanto, foram-se afirmando os futuros líderes espirituais da Igreja, sendo o Dr. Alfredo Henriques da Silva, que sucedeu a Moreton, o mais destacado, tendo expandido a obra da Igreja ao longo dos anos mais favoráveis da I República.
Entre 1920 e 1940, a Igreja Evangélica Metodista Portuguesa atravessou o seu período de expansão mais frutífero, recrutando membros de todas as classes sociais, aumentando o número das suas Escolas e confirmando-se como uma das mais dinâmicas e prestigiadas Igrejas Evangélicas do País. Durante esta era a Igreja editou várias publicações de boa qualidade espiritual e intelectual, a mais notável das quais foi o mensário "Portugal Evangélico", que é, ainda, a mais antiga publicação evangélica portuguesa em circulação.
O isolamento criado pela Segunda Guerra Mundial, uma ditadura prolongada, a falta de continuidade de liderança, quando Alfredo da Silva começou a envelhecer, e o pequeno número de pastores, originaram uma crise de liderança, que o Sínodo procurou resolver pedindo uma vez mais à Sociedade Missionária Metodista, apoio pastoral. Isto resultou no envio do Rev. Stanley G. Wood e, em 1954, do Rev. Albert Aspey, que durante 29 anos assumiu a liderança da Igreja. Ao longo deste tempo, floresceram novas áreas de trabalho, o número de ministros aumentou, a Igreja envolveu-se no movimento ecumênico e, embora forçada a fechar as suas Escolas Primárias, reorientou os seus programas sociais, concentrando-os noutras áreas e tipos de serviço à comunidade, tais como projetos de apoio às crianças e aos idosos.
Em 1984, a Igreja retornou à liderança nacional, quando o Rev. Ireneu da Silva Cunha foi eleito Superintendente-Geral e Presidente do Sínodo. No ano seguinte, o Sínodo, numa reunião em Aveiro, tomou a decisão de que a Igreja devia preparar-se para a sua autonomia. Com a aproximação do 125º aniversário da chegada de Moreton ao Porto, e após uma consulta com a Sociedade Missionária Metodista, o Sínodo de 1994 deliberou redigir os necessários Estatutos e Regulamentos, e abordar a Conferência da Igreja Metodista da Grã-Bretanha com vista a assumir a autonomia como Igreja Evangélica Metodista em 1996 Estatutos da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa
As regiões eclesiásticas no Brasil
No Brasil, as Igrejas Metodistas estão organizadas em Regiões Eclesiásticas:
- 1ª Região: Rio de Janeiro (Catete, Cascadura, Penha, Jacarépaguá, Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Nova Iguaçu, Realengo, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Valença, Volta Redonda, Barra Mansa, Resende,Itatiaia, Itaguaí, Muriqui, Itacuruça e Paraty).
- 2ª Região: Rio Grande do Sul
- 3ª Região: São Paulo (Região Metropolitana, litoral, Vale do Paraíba e região de Sorocaba)
- 4ª Região: Minas Gerais e Espírito Santo
- 5ª Região: Mato Grosso do Sul, Interior de SP, Triângulo Mineiro mais duas cidades do Sul de Minas Gerais (Poços de Caldas e Campestre).
- 6ª Região: Santa Catarina e Paraná
- 7ª Região: Rio de Janeiro (Niterói, São Gonçalo, Itaocara, Pádua, Araruama. Cabo Frio, Macaé, Três Rios, Petrópolis e Teresópolis).
- 8ª Região: Distrito Federal ,Goias , Mato Grosso e Tocantins.
- REMA: Região Missionária da Amazônia
- REMNE: Região Missionária do Nordeste
Metodismo em números
O Metodismo se faz presente em 130 países, somando 12 milhões de membros.
Atualmente, a distribuição dos Membros, Igrejas, Congregações e Pontos Missionários no Brasil é:
- Aprox: 350.000 Membros;
- 630 Igrejas;
- 393 Congregações;
- 508 Pontos Missionários.
Há outras denominações que se denominam metodistas no país, a saber: a Igreja Metodista Wesleyana (pentecostal), criada na década de 60 pelo bispo fluminense Gessé Teixeira de Carvalho, egresso da IMB, e que possui laços com outras Igrejas metodistas pentecostais, como a do Chile, possuindo hoje mais de 120 mil membros no país (segundo os próprios administradores da denominação), a Igreja Metodista Ortodoxa e outras, independentes, que não chegam aos 20 mil membros.
Referências
- ↑ Cânones da Igreja Metodista 2007, pp. 9
- ↑ Cânones da Igreja Metodista 2007, pp. 38
- ↑ Cânones da Igreja Metodista 2007, pp. 9
- ↑ Cânones da Igreja Metodista 2007, pp. 160-161
- ↑ «Igreja Metodista Livre - Quem somos». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «Nossa História - Exército de Salvação». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «Nossa história: Conheça a História da igreja do Nazareno desde o Princípio». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «Igrmandade Metodista Ortodoxa - Quem somos». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «IEAB - Igreja Evangélica do Avivamento Bíblico - Quem somos». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «Disco História: Voz da Verdade». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ «Wesleyana Host - Sobre». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ Reily, Duncan Alexander (1984-01-01). História documental do protestantismo no Brasil. [S.l.]: ASTE Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Helmut Renders, "A presença metodista no Brasil no século XIX", em: (2005) "Caminhos do metodismo no Brasil", São Bernardo do Campo: Editeo.
- ↑ «Minutes of the Epicospal Methodist church» (PDF). Emory University
- ↑ Rui de Souza Josgrilberg, "O movimento da Autonomia", em: (2005) "Caminhos do metodismo no Brasil", São Bernardo do Campo: Editeo.
- ↑ Kennedy,, , James L. (São Paulo: Imprensa Metodista, 1928..). ,. Cinquenta Anos de Metodismo no Brasil.. [S.l.: s.n.] Verifique data em:
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(ajuda.