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terça-feira, 5 de setembro de 2017

O que é educação clássica? Aprenda com a F.T.C.R.



                                            Educação Clássica

                        


A educação clássica conta com um processo tripartido de treinamento da mente. Os primeiros anos da escola são gastos na absorção de fatos, lançando sistematicamente os fundamentos para o estudo avançado. Nas séries intermediárias, os estudantes aprendem a pensar através de argumentos. Nos últimos anos da escola, eles aprendem a se auto expressar. Esse padrão clássico é chamado de “trivium”.

Os primeiros anos de educação são chamados de “estágio gramatical” – não porque você gasta quatro anos fazendo Português, mas porque esses são os anos em que os blocos de construção para todos os outros aprendizados são lançados, assim como a gramática é o fundamento para a linguagem. Nos anos elementares da escola – o que nós comumente pensamos como os primeiros quatro anos do Ensino Fundamental – a mente está pronta para absorver informação. Crianças nessa idade, na verdade, acham a memorização divertida. Assim, durante esse período, a educação envolve não a autoexpressão ou a autodescoberta, e sim a aprendizagem de fatos: regras de fonética e soletração, regras de gramática, poemas, o vocabulário de idiomas estrangeiros, as histórias da História e literatura, descrições de plantas, animais e do corpo humano, os fatos da matemática – e a lista continua. Essa informação constitui a gramática, ou os blocos básicos de construção, para o segundo estágio da educação.

Por volta do quinto ano, a mente da criança começa a pensar mais analiticamente. Estudantes dos últimos anos do Ensino Fundamental são menos interessados em descobrir fatos do que em perguntar “por quê?”. A segunda fase da educação clássica, o “estágio lógico”, é um tempo quando a criança começa a prestar atenção à causa e efeito, ao relacionamento entre os diferentes campos relacionados do conhecimento, à forma pela qual os fatos se ajustam em uma estrutura lógica.

Um estudante está pronto para o estágio lógico quando a capacidade para o pensamento abstrato começa a amadurecer. Durante esses anos, o estudante começa álgebra e o estudo da lógica, e começa a aplicar a lógica em todos os assuntos acadêmicos. A lógica da escrita, por exemplo, inclui a construção de parágrafos e o aprendizado para defender uma tese; a lógica da leitura envolve a crítica e a análise de textos, não a simples absorção da informação; a lógica da história demanda que o estudante descubra por que a Guerra de 1812* foi travada, ao invés de simplesmente ler sua história; a lógica da ciência requer que a criança aprenda o método científico.

A fase final de uma educação clássica, o “estágio retórico”, constrói sobre os dois primeiros. Nesse ponto, o estudante do Ensino Médio aprende a escrever e falar com força e originalidade. O estudante de retórica aplica as regras da lógica aprendidas nos últimos anos do Ensino Fundamental à informação fundamental aprendida nos primeiros anos do Ensino Fundamental, e expressa suas conclusões em uma linguagem clara, vigorosa e elegante. Os estudantes também começam a se especializar no ramo do conhecimento que os atrai; esses são os anos para acampamentos de arte, cursos na faculdade, intercâmbios, ensino profissionalizante e outras formas de treinamento especializado.

Uma educação clássica é mais do que simplesmente um padrão de aprendizagem, entretanto. A educação clássica é focada na linguagem; a aprendizagem é realizada através de palavras, escritas e faladas, ao invés de imagens (figuras, vídeos e televisão).

Por que isso é importante? A aprendizagem através da linguagem e a aprendizagem através das imagens requerem hábitos muito diferentes de pensamento. A linguagem requer que a mente trabalhe pesado; ao ler, o cérebro é forçado a traduzir um símbolo (palavras na página) em um conceito. Imagens, tais como aquelas em vídeos e na televisão, levam a mente a ser passiva. Na frente de uma tela, o cérebro pode “sentar atrás” e relaxar; encarando uma página branca, a mente é mandada a arregaçar as mangas e voltar ao trabalho.

Uma educação clássica, então, tem dois aspectos importantes. É focada na linguagem. E ela segue um padrão específico tripartido: a mente precisa ser, primeiro, suprida com fatos e imagens, depois, receber as ferramentas lógicas para organização dos fatos, e, finalmente, equipada para expressar conclusões.

Mas isso não é tudo. Para a mente clássica, todo conhecimento é inter-relacionado. A astronomia (por exemplo) não é estudada de forma isolada; ela é aprendida lado a lado com a história das descobertas científicas, o que conduz ao relacionamento da igreja com a ciência e dali para as complicações da história da igreja medieval. A leitura da Odisseia conduz o estudante à consideração da história grega, a natureza do heroísmo, o desenvolvimento do épico, e o entendimento humano do divino.

Isso é mais fácil de dizer do que de fazer. O mundo está repleto de conhecimento, e encontrar as ligações entre os campos de estudo pode ser uma tarefa que confunde a mente. Uma educação clássica enfrenta esse desafio tomando a história como seu esboço organizador – começando com os antigos e prosseguindo com os modernos em história, ciência, literatura, arte e música.

Nós sugerimos que os doze anos de educação consistam de três repetições do mesmo padrão de quatro anos: Antiguidade, Idade Média, Renascença e Reforma, e Tempos Modernos. A criança estuda esses quatro períodos de tempo em níveis variados – simples nos primeiros quatro anos, mais difícil do quinto ao oitavo ano (quando o estudante começa a ler as fontes originais), e tomando uma abordagem ainda mais complexa do nono ao décimo segundo ano, quando o estudante trabalha através desses períodos de tempo usando fontes originais (de Homero a Hitler) e também tem a oportunidade de seguir um interesse particular (música, dança, tecnologia, medicina, biologia, escrita criativa) com profundidade.

As outras áreas de assunto do currículo estão ligadas aos estudos históricos. O estudante que está estudando a história antiga lerá a mitologia grega e romana, os contos da Ilíada e Odisseia, escritos medievais antigos, contos de fadas chineses e japoneses, e (para os estudantes mais velhos) os textos clássicos de Platão, Heródoto, Virgílio, Aristóteles. Ele lerá Beowulf, Dante, Chaucer, Shakespeare no próximo ano, quando ele estiver estudando história medieval e início da renascença. Quando os séculos dezoito e dezenove são estudados, ele começa com Swift (As Viagens de Gulliver) e termina com Dickens; finalmente, ele lê literatura moderna enquanto está estudando história moderna.

As ciências são estudadas em um padrão de quatro anos que corresponde aproximadamente aos períodos da descoberta científica: biologia, classificação e o corpo humano (assuntos conhecidos dos antigos); ciência da terra e astronomia básica (que floresceu durante o começo da renascença); química (que começou a ser bem sucedida no começo do período moderno); e então física básica e ciência da computação (assuntos bem modernos).

Esse padrão traz coerência ao estudo da história, ciência e literatura – assuntos que são muito frequentemente fragmentados e que causam confusão. O padrão estende-se e aprofunda-se à medida que o estudante progride em maturidade e aprendizado. Por exemplo, um estudante do primeiro ano ouve você ler a história da Ilíada de uma das versões ilustradas disponíveis em qualquer biblioteca pública. Quatro anos depois, o estudante do quinto ano lê uma das adaptações populares para os últimos anos do Ensino Fundamental – The Trojan War [A Guerra de Troia], de Olivia Coolidge, ou The Tale of Troy [O Conto de Troia], de Roger Lancelyn Greene. Quatro anos se passam, e o estudante do nono ano – face a face com a própria Ilíada – mergulha de cabeça, destemido.

A educação clássica é, acima de tudo, sistemática – em contraste direto com a natureza dispersa e desorganizada de tanta educação secundária. Esse estudo sistemático e rigoroso tem dois propósitos.

O estudo rigoroso desenvolve virtude no estudante. Aristóteles definiu virtude como a habilidade de agir de acordo com o que alguém sabe ser correto. O homem virtuoso (ou mulher) pode forçar a si mesmo a fazer o que ele sabe ser correto, mesmo quando isso vai contra suas inclinações. A educação clássica continuamente exige que um estudante trabalhe contra suas inclinações mais básicas (preguiça, ou o desejo de assistir mais meia hora de TV) a fim de alcançar um objetivo – o domínio de um assunto.

O estudo sistemático também leva o estudante a participar do que Mortimer Adler chama de “Grande Conversação” – a conversação contínua de grandes mentes através das eras. Muita educação moderna é tão eclética que o estudante tem pouca oportunidade de fazer conexões entre eventos passados e a enchente da informação atual. “A beleza do currículo clássico”, escreve o professor clássico David Hicks, “é que ele demora-se sobre um problema, um autor, ou uma época tempo suficiente para dar, mesmo ao estudante mais jovem, a chance de exercitar sua mente de uma forma acadêmica: fazer conexões e traçar desenvolvimentos, linhas de raciocínio, padrões de ação, simbolismos recorrentes, tramas e motivos”.

* A Guerra de 1812, ou a Guerra Anglo-Americana, foi uma guerra entre os Estados Unidos e o Reino Unido e suas colônias (N.T.)

Por: Susan Wise Bauer
Cordialmente,




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