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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A Lei no Antigo Testamento - Visão geral!

      A Lei no Antigo Testamento

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Lei (Toráh) - A palavra lei indica o conjunto de leis e determinações religiosas e civis, colecionadas no Pentateuco e atribuídas a Moisés. Os israelitas usam o termo Torah que na forma causativa significa instruir. O termo Torah indica toda espécie de determinações, não necessariamente jurídicas, dadas por Javé, através de sacerdotes ou profetas (Is 8, 20; Jer 2, 8).
Lei do Talião - Olho por olho, dente por dente. A lei do Talião é um privilégio jurídico, pelo qual a pena deve ser proporcional ao fato, face à lei anterior do mais forte, conforme Gn 4, 23. Jesus Cristo superou esta visão legalista da lei.

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A LEI NO PENTATEUCO


O nome “Pentateuco”(do grego “cinco rolos” ou “livros”) designa os primeiros cinco livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O conteúdo geral do Pentateuco é uma história de Israel que vai desde a criação do mundo até à morte de Moisés. Mas o material legislativo, inserido, sobretudo nos livros do Ex, Lv, Nm e Dt, constitui a maior parte do Pentateuco. Com razão os judeus o chamam “Lei” ou “Tora”, pois nele se exprime à vontade de Deus a respeito de Israel. O Pentateuco não é um código moderno de leis, nem um manual de história do povo de Israel. A Lei não é a simples expressão da vontade de um povo organizado. É o fruto da aliança, a expressão da vontade de Deus a respeito do povo que ele elegeu. Os relatos históricos têm por finalidade descrever os momentos mais marcantes desta eleição. Por isso, em Israel os códigos legais jamais tiveram existência independente como nos povos vizinhos, mas sempre estiveram integrados na história da salvação.
As leis se apresentam em geral como recebidas de Deus por intermédio de Moisés, especialmente no monte Sinai (Ex, Lv e Nm 1–10) e nas estepes de Moab (Nm 26–36 e Dt). Por isso a autoria do Pentateuco foi atribuída pela tradição judaica e cristã a Moisés.
No Pentateuco Israel olha para o seu passado e descobre Deus como alguém que o elege, protege e conduz; vive com ele e age em seu favor mesmo quando desobedece. Sente-se assim convidado a imitar a fidelidade ao Deus das promessas a exemplo de Abraão, Isaac, Jacó e Moisés. Por isso as exigências do culto e da Lei devem ser vistas como uma expressão do amor de Israel a Deus, sobre todas as coisas.


A LEI NO LIVRO DE LEVÍTICO


O terceiro livro do Pentateuco chama-se Levítico por ser o manual litúrgico do sacerdócio levítico e ensinar a todo israelita a santidade de vida, como meio de levá-lo a uma comunhão com o Deus vivo, a meta última da vida humana. O livro contém textos da tradição sacerdotal, quase exclusivamente legislativos, de caráter cultual, moral e social, que regulamentam as instituições religiosas de Israel.
As leis são colocadas na boca de Moisés. Mas sua redação final é do século V aC. O livro recolhe tradições cultuais novas ao lado de outras mais antigas do período da monarquia e da época mosaica, e mesmo de origem pagã.
A primeira parte contém um ritual dos sacrifícios (1–7), onde se especificam os vários tipos de oferendas a serem apresentadas a Deus, a função dos sacerdotes e a parte que lhes cabe no sacrifício.
A segunda parte segue-se o ritual de ordenação dos sacerdotes (8–9), a notícia da morte de Nadab e Abiú e novas normas para evitar sacrilégios (10).
A terceira parte são dadas normas sobre o puro e o impuro (11–16), onde se recolhem as prescrições e ritos a serem observados por Israel para conservar a “santidade” exigida pela presença divina. Por impureza não se entende aqui uma culpa moral, mas antes certos atos físicos como cuidar de mortos, ou estados, como a maternidade e a lepra que, na visão sacerdotal, impedem a pessoa de entrar em relação com Deus pelo culto.
Na quarta parte, chamada “Lei da Santidade”(17–26), se faz a aplicação prática da noção de santidade divina à vida da comunidade israelita. Sendo Deus santo, isto é, totalmente outro e distinto do homem, Israel que escolheu como o seu povo também deve ser santo. Isto inclui exigências de ordem moral, social (17–22) e cultural (23–25). Quem observar tais ritos, normas de pureza física e moral, festas, etc., terá a benção divina; quem não os observar, terá a maldição (26). Um apêndice (27), contendo normas para o pagamento do resgate de ofertas, primogênitos e dízimos, encerra o livro.
A leitura deste livro pode parecer monótona, e seu valor superado, pois Cristo com sua morte na cruz aboliu todos os ritos e sacrifícios da antiga Lei (Hb 10,1-10).

LEVITICO E AS LEIS


O levítico é substancialmente um livro de leis. São leis sobre cerimônias religiosas, o culto e a vida cotidiana, com objetivo de manter o povo de Israel num relacionamento justo com Deus.
O nome deriva dos sacerdotes (membros da tribo ou clã de Levi) aos quais cabia cuidar das leis do culto. O livro volta constantemente ao tema da santidade de Deus e da sua extraordinária bondade.
A palavra levítico significa "concernente aos levitas", isto é, o livro contém o sistema de leis administrado pelo sacerdócio levítico, sob o qual vivia a nação hebraica. Tais leis na maior parte foram dadas no Monte Sinai, com adições, repetições e interpretações fornecidas através da pere­grinação no deserto.
Os levitas, uma das doze tribos, eram separados para o serviço divino. Deus os tomou para esse mister em lugar dos primogênitos de todo o Israel. Deus reclamou para si os primogênitos dos homens e dos rebanhos. Eram sustentados com dízimos; tinham 48 cidades, Nm 35:7; Js 21:19.
Uma família de levitas, Arão e seus filhos, foram separados para serem sacerdotes. Os demais levitas tinham que ser assistentes dos sacerdotes seu dever era o cuidado e a remoção do Tabernáculo, mais adiante, cui­darem do Templo e funcionarem como mestres, escribas, músicos, oficiais e juizes.


Várias Espécies de Ofertas


Ofertas queimadas, holocaustos: de novilhos, carneiros, cabras, pombas e pombos: eram totalmente queimados, significando completa dedicação pes­soal a Deus.
Ofertas de manjares: de cereais, farinha crua, ou cozida, sem fermento. Um punhado era queimado, o resto pertencia aos sacerdotes.
Ofertas pacificas: de gado vacum, do rebanho, ou de cabras. A gordura era queimada, o resto era comido, em parte pelos sacerdotes, e em parte pelos ofertantes.
Ofertas pelo pecado e as pela culpa: diferentes ofertas por diferentes pecados. A gordura era queimada, o resto, em alguns casos, era queimado fora do arraial, e noutros, era comido pelos sacerdotes. No caso de alguém defraudar outrem, antes da oferta, teria que fazer a restituição, acrescida de um quinto. Significava o reconhecimento do pecado e sua expiação.

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Outras Instruções sobre Ofertas


Alem das ofertas mencionadas, havia ofertas de libações, ofertas movidas e ofertas alçadas: eram complementos de outras ofertas.
O modo de sacrificar: O animal era apresentado no Tabernáculo. O ofertante impunha as mãos sobre ele, fazendo-o assim seu representante. Em seguida, o animal era morto. O sangue era espargido sobre o altar. Após o que, à parte especificada era queimada.
Freqüência dos sacrifícios: havia holocaustos diariamente, um cordeiro cada manhã e cada tarde. No primeiro dia de cada mês havia outras ofertas. Nas festas de Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos, grandes quantidades de animais eram oferecidas. Também no Dia da Expiação. Além destas ofertas regulares pela nação, havia outras, por ocasiões especiais, e por indivíduos, pelo pecado, votos, ação de graças, etc.


Este Sistema de Sacrifícios era de Origem Divina


Foi posto por Deus no centro e âmago exato da vida nacional judaica. Quaisquer que fossem as aplicações e imp1icações imediatas que tinha para os judeus, o incessante sacrifício de animais e o lampejo incessante do fogo dos altares, sem dúvida, foram designados por Deus para inflamar na consciência dos homens o senso de sua profunda pecaminosidade e para ser uma figura multissecular do sacrifício vindouro de Cristo, para quem esses sacrifícios apontavam, e em quem tiveram seu cumprimento.


Animais Limpos e Imundos


Antes do dilúvio já havia uma distinção entre animais puros e impuros, Gn 7:2. Moisés legislou sobre essa distinção. Baseava-se, em parte, na salubri­dade deles como alimento, e, em parte, em Considerações de ordem religiosa, destinada a servir como um dos sinais de separação entre Israel e as outras nações. Jesus cancelou essa distinção, Mc 7:19, "considerou puros todos os alimentos”.Atos 10:12-15 esclarece que a distinção não existe mais e que os gentios não são mais "imundos" para os judeus.


Purificação das Mães Depois do Parto


O período de separação, no caso de meninos, era de 40 dias; e no caso de meninas, 80 dias. Pensa-se que o propósito disto era manter equilibrado o fiel da balança dos sexos, visto como os homens, por exigência das guerras, estavam mais sujeitos à morte do que as mulheres.


Preceitos para a Lepra


Esses regulamentos tiveram o propósito de refrear a propagação de uma das moléstias mais repugnantes e temidas.


A Impureza


O sistema elaborado de especificações sobre como podia uma pessoa tornar-se cerimonialmente "impura", e as exigências sobre o assunto, parece que tiveram o desígnio de fomentar o asseio físico individual, bem como o reconhecimento continuo de Deus em todas as esferas da vida. A penali­dade era a pessoa afastar-se do santuário e da congregação. A purificação era, em parte, pelo banho e, em parte, pelo sacrifico.


A Expiação Anual


Dava-se isto no decimo dia do mês sétimo. Era o dia mais solene do ano: aquele em que o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, para fazer expiação pelos pecados do povo. Os pecados removidos eram de um só ano.


O Modo de Sacrificar


A lei exigia a apresentação dos animais á porta do Tabernáculo. Comer sangue era rigorosamente proibido.




Abominações Cananéias


Estranham-se que tais coisas como incesto, sodomia, coabitação com animais cheguem a ser mencionadas, a razão de que eram práticas comuns entre os vizinhos de Israel; contra isso Israel foi advertido.


Leis Diversas


Sobre o sábado. Idolatria. Ofertas pacíficas. Respigas. Furtos. Juramentos. Salários. Tribunais. Mexericos. Amor fraternal. Criações e planta­ções promiscuas. Adultério. Pomares. Adivinhação. Danificação da barba e incisões na carne. Meretrício. Respeito aos velhos. Bondade para com estrangeiros. Pesos e medidas justos. Culto de Moloque. Feitiçaria. Pais. Incesto. Sodomia. Animais. Pureza e impureza.


Amarás o Teu Próximo Como a Ti Mesmo


Era este um dos pontos salientes da Lei Mosaica. Grande consideração era mostrada aos pobres. Os salários tinham que ser pagos cada dia. Nenhu­ma usura devia-se tomar. Empréstimos e presentes deviam ser feitos aos necessitados. Espigas caídas deviam ser deixadas nos campos para os pobres. Em todas as partes do Antigo Testamento, dá-se ênfase constante á genti­leza com viuvas, órfãos e estrangeiros.


Concubinato, Poligamia, Divórcio, Escravidão


Permitiam-se estas coisas, mas com muita restrição. A lei de Moisés elevou o casamento a um nível muito mais alto do que o existente nas nações vizinhas. A escravidão era cercada de consideração humana; nunca existia em larga escala entre os judeus, nem com as crueldades e horrores prevalecentes no Egito, Assíria, Grécia, Roma e outras nações.

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A Pena Capital


Os crimes puníveis com a morte eram:

Homicídio, Gn 9:6; Ex 21:12; Dt 19:11-13.
Seqüestro, Ex 21:16; Dt 24:7.
Morte por negligência, Ex 21:28, 29.
Ferimento ou maldição de pai ou mãe, Ex 21:15-17; Lv 20:9; Dt 21:18-21. Idolatria, Lv 20:1-5; DI cap. 13: 17:2-5.
Feitiçaria, ~x 22:18.
Profecia por ciências ocultas, Dt 1 8:10, 11,20.
Blasfêmia, Lv 24:1 5,1: 6.
Profanação do sábado, Ex 31:14.
Adultério, Lv 21:10; Dt 22:22.
Estupro, Dt 22:23-27.
Imoralidade pré-nupcial, Dt 22:13-21.
Sodomia, Lv 20:13.
Coabitação com animais, Lv 20:15, 16.
Casamentos incestuosos, Lv 20:11, 12, 14.


Estas Leis Eram Leis de Deus


Algumas são semelhantes às Leis de Hamurabi, sobre as quais, sem dúvida, Moisés estava bem informado. Embora pudesse ter sido influenciado pela sua formação egípcia e pela tradição babilônica, contudo, se repete sempre “Assim diz o Senhor", indicando que estas leis foram promulgadas diretamente pelo próprio Deus.
Algumas podem nos parecer severas. Mas se nós pudéssemos transpor­tar-nos para a época de Moisés, provavelmente não nos pareceriam bastante enérgicas. De modo geral, a Lei de Moisés, por sua insistência sobre mora­lidade pessoal e igualdade pessoal, por sua consideração aos velhos e aos moços, aos escravos e aos inimigos, aos animais, a regulamentação de sua alimentação e saúde, era muito mais pura, mais racional, humana e democrática do que qualquer outra da legislação antiga, babilônica, egípcia ou outra qualquer, e patenteava uma sabedoria muito mais avançada do que estas. Temos ai o "milagre moral" do mundo pré - cristão.
A Lei de Moisés foi designada para ser um mestre-escola para nos conduzir a Cristo, Gn 3:24. Algumas das suas provisões acomodavam-se à dureza de corarão deles, Mt 19:8.


Sacerdotes e Sacrifícios


Os sacerdotes deveriam ser sem defeito físico, e só se podiam casar com uma moça virgem. Os animais para sacrifício deviam ser sem defeito e da idade mínima de 8 dias.


Festas, Candelabro, Pães da Proposição, Blasfêmias


Festas, registrado em Dt. 16. O candelabro devia se conservar aceso continuamente. Os pães da Proposição tinham que ser mudados cada sábado. A blasfêmia era punível com a morte. A legislação "olho por olho", 24:19-21, fazia parte da lei civil, era perfeitamente justa.


O Ano Sabático. O Ano do Jubileu


O Ano Sabático era todo sétimo ano. A terra ficava de descanso. Nenhuma semeadura, nem colheita, nem poda dos vinhedos. A produção espontânea devia deixar-se para os pobres e peregrinos. Deus prometia dar bastante no sexto ano, que sobraria para o sétimo. Cancelavam-se as dívidas dos compa­triotas judeus.
0 Ano do Jubileu era todo qüinquagésimo ano. Seguia-se ao sétimo ano sabático, havendo, pois, dois anos seguidos de repouso. Começava no Dia da Expiação. Todas as dívidas eram canceladas, os escravos eram libertados, as terras ven­didas eram restituídas.


MONTE SINAI, O MONTE DA LEI


A montanha onde Deus se revelou a seu povo é chamada indiferentemente de Monte Sinai ou de Monte Horeb. Nos escritos bíblicos fala-se geralmente de montanha de Deus. A etimologia faz decorrer a palavra Sinai de Senèh, que significa sarça.
Com efeito, antes de ser o lugar do encontro entre Deus e seu povo, o Sinai é primeiramente o lugar da revelação feita a Moisés na famosa sarça ardente. Por causa de um gesto infeliz que causou a morte a um vigia egípcio nos canteiros de obra do Faraó, Moisés se achou, em algumas horas, lançado dos palácios do rei para a aridez e a solidão do deserto. Esta ruptura colocou o jovem Moisés diante de questões essenciais: o que é o homem? Quem é Deus? Qual o sentido da existência humana?
Nos recônditos do maciço do Sinai, o jovem príncipe foi constrangido à privação. Aprendeu a sobreviver 'com o suor de seu rosto'. Mas no deserto do Sinai, aquele que mais tarde será o pastor de Israel, recebeu outras lições que iriam formar sua responsabilidade e alargar seu coração.
Trabalhando para um homem chamado Jetro, Moisés se casou com sua filha Séfora e com ela teve um filho de nome Gérson. O Sinai foi para Moisés ao mesmo tempo a terra do exílio e o lugar da felicidade, a escola da aridez da vida e de uma feliz paternidade.
O Sinai ia ser agora, vários anos depois da fuga do Egito, o cenário grandioso do encontro com Deus.
É freqüente no deserto que uma sarça pegue fogo espontaneamente, por causa dos raios ardentes do sol. Desta vez, porém, Moisés espanta-se: Vou achegar-me para ver este maravilhoso fenômeno: como é que a sarça não pára de queimar (Ex 3,3).
De fato, o fogo parece não consumir a sarça. Então ele se aproxima e escuta uma mensagem de compaixão e libertação: Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi os gritos de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios... (Ex 3,7-8).
Assim o Senhor revela-se como ser de fogo. Fogo de amor que queima em seu coração por seu povo Israel e através dele para todos os homens. Esta revelação é admirável sob vários aspectos. Por que o Deus infinito e Todo-Poderoso desce sobre uma sarça, criatura bem modesta e desprezível?
É preciso lembrar-se que, conforme o texto do Gênesis, as sarças e os espinheiros eram os únicos vegetais produzidos pela terra depois da revolta do homem contra o Criador. Sarças e espinhos são, assim, uma evocação do pecado da humanidade e da miséria da condição humana. Ao se revelar no coração de uma sarça do deserto, Deus ensina a Moisés que o pecado será iluminado pela sua presença, que a vida humana será transfigurada e não destruída pela chegada de Deus.
E a miserável sarça torna-se símbolo da mais alta revelação que existe, a saber: que Deus é (Eu sou aquele que sou), que ele é luz, calor e vida, enfim, que ele nos revela seu ser por sua presença, mas sem nos destruir.
E a miserável sarça dá seu nome à montanha, a mais célebre da Bíblia: o Sinai. O povo de Israel se acha nesse mesmo deserto do Sinai, depois da famosa saída do Egito dirigida por Moisés. Aí ele viverá a maior parte de suas experiências e de suas revoltas. Mas aí viverá de modo especial a Aliança com Deus.
Nós assistimos agora a uma amplidão do fenômeno, do qual Moisés fora testemunha. Desta vez a montanha está em chamas, os rochedos tremem, trombetas ressoam. No fogo do Sinai a presença de Deus se faz visível a todos e todos ouvem sua voz. O Senhor se aproxima de seu povo. Ele se comunica através do Decálogo e as principais prescrições são dadas a Moisés. Pois tal é o coração da Lei: permitir aos homens se aproximar de Deus, entrar em sua semelhança, seguindo os caminhos da justiça e do amor. A Lei concretiza a irrupção do sagrado no profano, da eternidade no tempo. No Sinai são proclamadas a universalidade do amor de Deus e sua profundeza. O Sinai será, a partir de agora, o lugar teofânico por excelência.
Quando o profeta Elias, perseguido pela polícia da rainha Jezabel, procurará um refúgio e consolo, ele dirigir-se-á ao Sinai, a montanha santa, voltando, assim, às fontes da revelação. Aí fará um encontro pouco habitual com Deus:
O Senhor respondeu: Sai e põe-te de pé no monte, diante do Senhor! Eis que ele vai passar. Houve, então, um grande furacão, tão violento que dilacerava os montes e despedaçava os rochedos diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor tampouco estava no fogo. Finalmente, passado o fogo, percebeu-se uma brisa suave e amena. Quando Elias a percebeu, encobriu o rosto com o manto e saiu, colocando-se na entrada da caverna. Então uma voz lhe falou: O que estás fazendo aqui, Elias? (1Rs 19,11-13).
Quando o povo hebreu se instalar em Canaã e fizer de Jerusalém sua capital, o Monte Sinai assumirá o substitutivo de Monte Sinai como o proclama o salmo 68 (67): O Senhor veio do Sinai até o Santuário (o templo de Jerusalém).
E nesta continuidade, os apóstolos reunidos na sala superior, sobre o Monte Sião, em Jerusalém, conhecerão o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes, festa que celebra o dom da Lei no alto do Sinai.

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PORQUE A LEI SE DEU NO DESERTO?


Árido, aparentemente sem vida e hostil ao homem, seria o deserto uma anomalia da natureza, um erro do Criador ou ainda o fruto dum capricho que o levou a colocar um espaço de uma beleza selvagem? Segundo o livro do Gênesis, a origem do deserto é uma das tristes conseqüências da queda do primeiro homem. Pela sua revolta, o homem instaurou uma quebra na harmonia da criação, da qual ele era o administrador e não o senhor.
Amaldiçoada será a terra por tua causa (Gn 3,17), diz Deus. O rico jardim que produzia frutos em abundância dará então lugar ao deserto árido donde o homem não tirará seu alimento senão com o suor de seu rosto. Esta sentença divina não deve ser tomada como uma punição infligida por um Deus vingador, mas antes como uma ascese, isto é, como um caminho de purificação, de possível volta, uma escola de sabedoria. O deserto aparece, pois, como um meio pedagógico para fazer o homem voltar ao essencial, ao verdadeiro sentido de sua vida e de sua vocação.
A atravessia do deserto que permitirá ao homem voltar ao paraíso perdido, torna-se a imagem mais adequada de nossa vida terrena, caminho difícil e perigoso, mas capaz de nos conduzir até o Éden, lugar da feliz comunhão com Deus.
O deserto é, pois, uma verdadeira escola e numerosas são as lições que o homem tira daí. A história de Israel é, sob esse aspecto, exemplar. É no deserto que o povo de Deus fez suas experiências fundamentais:
- Ele descobriu o verdadeiro sentido da escravidão: libertado da escravidão do Faraó, ele se encontra prisioneiro de si mesmo, de seu pecado, de suas paixões e nelas provou a amargura.
- Ele aprendeu a obediência, a única que permitia vencer as dificuldades e as adversidades: obediência a Deus e àquele que escolhera para ser guia do povo.
- Ele fez a experiência da Providência que provê, dia após dia, as necessidades mais elementares. Ele teve de crescer, portanto, numa relação de confiança e abandono a Deus.
- Ele viu o poder de Deus em ação, poder que podia abater o inimigo, mas também converter os corações.
- Ele aprendeu a dependência e, portanto a pobreza que não é miséria material, mas desapego de si.
- Ele aí encontrou Deus e recebeu a Lei.
A mais admirável de todas estas experiências no deserto é, sem dúvida, a vinda de Deus em meio a seu povo, essa presença do Todo-Poderoso no coração da miséria humana: presença numa sarça, presença numa coluna de nuvem, presença numa tenda agitada ao sabor do vento. A partir de agora a precariedade da existência humana não é mais um impecilho para a relação com Deus, e a distância entre o Criador e sua criatura, se não é abolida, pelo menos é consideravelmente reduzida.
Assim, aquilo que antes era visto como um lugar hostil, torna-se, pouco a pouco, na consciência de Israel, um lugar privilegiado de intimidade com o Senhor. O profeta Oséias dirá em relação a Israel: por isso, eu mesmo a (a esposa infiel) seduzirei, conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração (Os 2,16) e Isaías anunciará: Até que do Alto o Espírito seja derramado sobre nós. Então o deserto se tornará um vergel e o vergel será considerado uma floresta (Is 32,15).
João Batista, referindo-se às profecias messiânicas de Isaías, apresenta-se como a voz que clama no deserto, expressão que não quer significar a voz que ninguém escuta, mas sim a voz que lança uma santa convocação para se ir ao lugar de encontro com Deus.
O deserto será o primeiro campo de missão de Jesus. Desde antes de seu batismo o Espírito o arrasta ao deserto. Durante quarenta dias aí ele sustenta o mais importante combate de toda a história que o coloca contra as forças de destruição, aos poderes da morte. Em quarenta dias ele leva à sua plena realização o que Israel vivera durante quarenta anos de travessia do deserto.
A vitória de Jesus, que obriga o maligno a se retirar, abre definitivamente o acesso ao Éden perdido. O deserto toma o lugar do jardim. Jardim das margens do Lago de Tiberíades onde Jesus multiplica os pães; jardim do Getsêmani onde, pela última vez, repele a tentação; o jardim do sepulcro onde a pedra da tumba é rolada na manhã da Páscoa.



OS DEZ MANDAMENTOS

ÊXODO [20]


1 Então falou Deus todas estas palavras, dizendo:
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
6 e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.
7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.
8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho;
10, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas.
11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.
12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
13 Não matarás.
14 Não adulterarás.
15 Não furtarás.
16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
18 Ora, todo o povo presenciava os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte a fumegar; e o povo, vendo isso, estremeceu e pôs-se de longe.
19 E disseram a Moisés: Fala-nos tu mesmo, e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que não morramos.
20 Respondeu Moisés ao povo: Não temais, porque Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.
21 Assim o povo estava em pé de longe; Moisés, porém, se chegou às trevas espessas onde Deus estava.
22 Então disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que do céu eu vos falei.
23 Não fareis outros deuses comigo; deuses de prata, ou deuses de ouro, não os fareis para vós.
24 um altar de terra me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas e os teus bois. Em todo lugar em que eu fizer recordar o meu nome, virei a ti e te abençoarei.
25 E se me fizeres um altar de pedras, não o construirás de pedras lavradas; pois se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás.
26 Também não subirás ao meu altar por degraus, para que não seja ali exposta a tua nudez.


OS DEZ MANDAMENTOS DO MONTE SINAI


Livres da ameaça egípcia, os refugiados seguiram a direção sudeste, escravos era seu povo, a nação de Israel.
Da sua parte, o povo de Israel devia obedecer a ele e às suas leis, resumidas nos dez mandamentos, dados a Moisés em duas tábuas de Pedra. Os dez mandamentos representam os princípios básicos que diziam governar a vida do povo. Israel prometeu obedecer e a promessa foi confirmada numa cerimônia solene a sombra da montanha. Foram oferecidos animais sacrificiais, cujo sangue foi aspergido sobre o povo e sobre o altar. Assim foi selado um pacto. Depois Deus deu-lhes instruções sobre a construção de uma tenda especial (o Tabernáculo, uma espécie de pequeno santuário portátil), que seria um sinal da sua presença em meio o povo durante o resto da sua caminhada.
Os hebreus permaneceram quase um ano no Sinai. Depois dirigiram-se para o norte, através do deserto de Parã, até chegar a Cades-Barnea. Ali acamparam na fronteira meridional de Canaã.


A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO


A lei do Antigo Testamento, a "Torah" ou instrução era regra de vida dada por Deus (nos cinco primeiros livros da Bíblia) para indicar ao seu povo como devia viver. Compreendia os dez mandamentos, que são um núcleo da lei moral, e ainda leis sociais e religiosas, regras pormenorizadas sobre higiene e o comportamento na vida cotidiana.
Os princípios da lei são básicos para entendermos o modo como o homem e a sociedade devem agir. Como o "Manual do Criador", a lei mostra - nos como Deus quer que vivamos.
Podemos considerá-los como um único livro, embora inclua toda sorte de escritos: narrativas, leis, instruções sobre o culto e as cerimônias religiosas, sermões e genealogias.
Mas, de qualquer modo, estes livros possuem tema comum. Depois das narrativas sobre os primórdios do mundo em Gn. 1-11, contam a história do povo de Deus desde a vocação de Abraão até a morte de Moisés, compreendendo um período de cerca de 600 anos, ou seja, de aproximadamente 1800 até 1250 a.C. Com exceção do livro de Gênesis, os outros livros da lei são dominados pela figura de Moisés, o grande líder dos israelitas.
A idéia de uma comunidade que obedeça à vontade de Deus é o centro destes livros, e por isso a lhes deu o nome hebraico de “Torah”, isto é, "ensinamento" por excelência. Estes cinco livros também são conhecidos pelo nome grego de “Pentateuco” ou "cinco rolos" (literalmente "5 estojos" nos quais estavam os rolos).


CONCLUSÃO



As leis revelam a preocupação de Deus para que toda vida seja justa e honesta, particularmente a sua intenção é de proteger os direitos daqueles que são menos capazes de defender-se sozinhos, isto é, escravos, pobres, viúvas, órfãos e estrangeiros.


Cordialmente,

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