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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O QUE É ARQUEOLOGIA BÍBLICA?

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 O significado da palavra arqueologia tem sua base nas duas palavras gregas que a formam: arkhaios (antigo) e logos (discurso). Arqueologia poderia portanto ser definida como a ciência da antigüidade. Ela tem como objetivo reconstruir civilizações antigas através da escavação e do estudo dos objetos provenientes dessas escavações. 
Arqueologia Bíblica é um setor particular dentro da ciência da arqueologia. Esse setor estuda os elementos da Palestina e dos países próximos, que têm alguma referência aos tempos e aos escritos da Bíblia. O interesse científico recai sobre os restos de construções, monumentos artísticos, inscrições e outros objetos que contribuem à compreensão da história, da vida e dos hábitos dos hebreus e dos povos que entraram em contato com eles e tiveram influência sobre eles.
Os limites da arqueologia bíblica nascem do fato que a linha temporal que a Bíblia compreende é muito grande e do mesmo modo é vasto o território onde se desenvolveram as narrativas bíblicas. A conservação de restos também é muito precária. Raramente são encontrados objetos de madeira, de couro ou tecido.

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1. Método da Arqueologia Bíblica

Há algum tempo existia apenas uma busca desenfreada ao objeto, especialmente para encher os museus da Europa. Isso impedia que o objeto fosse estudado com detalhes no seu ambiente vital. Com o inglês William Flinders Patrie (1890-1942) cresce a preocupação pela conservação e estudo dos sítios arqueológicos. Ele desenvolveu um sistema de escavação usando o método chamado de estratigrafia. Esse método foi ulteriormente desenvolvido na exploração do tell (nome dado a pequena montanha que se criou graças a restos de uma cidade) em Jericó pela também inglesa, a arqueóloga Kathleen Kenyon. A preocupação era aquela de não destruir os vestígios e restos que estavam próximos à superfície na tentativa de cavar as camadas inferiores. Os arqueólogos queriam chegar a um certo nível de profundidade sem danificar as etapas anteriores. Desenvolveu-se então a técnica que consiste em fazer uma espécie de trincheira no terreno, um corte vertical da parte mais alta até o terreno virgem. Desta forma se preserva ainda o local e ao mesmo tempo vem explorado todos os estratos que testemunham a presença humana.
Os objetos encontrados são interpretados. Isso é feito sobretudo com uma análise comparativa com outras áreas arqueológicas ou utensílios semelhantes. Esse processo é chamado de tipologia.


2. História da Arqueologia Bíblica

A preocupação em identificar fatos da Bíblia com a realidade atual já se apresenta no próprio livro sagrado (cf. Js 8,28-29; 15,8-10), que sente a necessidade de clarificar topônimos obscuros. Hoje essa necessidade cresceu muito mais. O nome dos lugares mudam com o tempo, especialmente quando a língua do país muda de acordo com a classe governamental que domina o país. A maioria dos nomes semíticos sofreu mudança e foi dominado pelo grego e, em menor escala, pelo latim.
Eusébio de Cesaréia, primeiro historiados da Igreja, que faleceu em 339, nos deixou uma obra clássica, Onomasticon, que contém a lista alfabética das localidades mencionadas na Bíblia e ao lado o nome com o qual elas eram conhecidas no século IV. Essa obra foi traduzida para o latim por Jerônimo, um século depois, por causa de sua importância.
Outra fonte importante são os relatos dos peregrinos judeus e cristãos que visitaram, desde o Séc. II, a Terra Santa.
Napoleão fracassou na sua invasão militar do Egito e Palestina, mas a sua presença naquela área suscitou um interesse dos países de expressão que forneceram preciosos instrumentos para a arqueologia. Vários institutos nasceram com o objetivo de estudar a região e muitas cartas geográficas foram desenhadas. Com eles se pode ver que os topônimos locais árabes preservavam com frequência nomes antigos, embora pronunciados sob a influência árabe. Em base a estes mapas, Edward Robinson em 1841 publicou uma obra identificante centenas de locais bíblicos (Biblical Researches in Palestine, Mount Sinai, and Arabia Petraea). Por esse trabalho ele é chamado pai da arqueologia bíblica.
Graças à descoberta de textos trílingue se conseguiu também ajudar a decifrar as línguas do território bíblico. Primeiro de tudo os soldados de Napoleão encontram a Stella de Rosetta, em 1882. Trata-se dum documento que, encontrado em escrita ieroglifica egípcia, demótico e grego, ajudou a decifrar a escrita utilizada pelo povo egípcio. Do mesmo valor é a Inscrição de Behistun, escrito em acádico, medo e persa antigo, que ajudou a interpretar a escrita cuneiforme da Mesopotomia. Foram encontrados outros arquivos importantes no século passado: hititas, em Bogazkôy, na Turquia (1915); arquivos cananeus, em Ras Shamra, na costa da Síria (1929); arquivos de Mari, no Tell Hariri, em 1975.
Na Palestina porém se encontraram poucos restos escritos do tempo bíblico: inscrições ocasionais, óstracas (escritos em cerâmicas), selos e impressões em selos, inscrição de Mesha (1868) e a inscriçãode Siloé (1880). As duas últimas inscrições datam respectivamente do século VIII/VII a.C. Esses poucos materiais encontrados na Palestina, confrontados com a vasta documentação dos povos vizinhos conduzem à conclusão que os israelitas entraram relativamente tarde no cenário da história e da civilização antigas. Poder-se-ia dizer que inclusive eles, em seus dias, desempenharam um papel menor na historia e civilização.


2.1. A Arqueologia Bíblica Durante o Século XX

Grande papel na arqueologia do século XX tem a cerâmica, que passou a ser critério essencial para a datação das camadas arqueológicas; olhando o tipo de cerâmica se pode atribuir a data em que ela foi usada e assim a data dos restos arqueológicos na qual ela se encontra. Graças a esse parâmetro foi revista, por exemplo a datação das ruínas de Jericó. Em 1907 – 1909 Watzinger e Sellin haviam escavado o local e chegaram a conclusão que aquela camada correspondia à cidade conquistada por Josué. Porém, em 1920, o mesmo Watzinger muda de idéia e sustém que as ruínas pertenciam em realidade a um período anterior a Josué. Por isso ele concluiu que Jericó não era habitada no tempo de Josué e classificou a narração da Bíblia sobre a conquista de Jericó como uma legenda. Tal opinião suscitou um debate que continua aberto até hoje. Até a década de 70 prevaleceram duas posições. A primeira, protagonizada por A. Alt e M. Noth, não davam crédito histórico aos relatos bíblicos, enquanto que a segunda, que tinha à frente W. F. Albright, tinha mais confiança na historicidade dos textos bíblicos.
Com a década de 70 aparece uma visão crítica respeito à relação arqueologia X exegese. Se notou que a busca desenfreada em encontrar nexos arqueológicos com os textos bíblicos conduziu a deterpação da objetividade dos datos. Não se pode procurar uma harmonização simplista da arqueologia e a Bíblia. Não se pode também escavar pra responder a perguntas concretas, como por exemplo, “os patriarcas existiram”?
Para avaliarmos a envergadura do problema e a indefinição do debate basta citar duas posições atuais e opostas. A primeira, que apareceu no Comentario Bíblico Internacional (pp. 183-190), representa a opinião de Maxwell Miller. Ele lembra que a cronologia bíblica situa o reinado de Salomão no Século X a.C. O relato bíblico apresenta o reinado de Salomão como extramamente rico, que exerceu uma influência internacional de grande repercussão e narra que construiu Jasor, Meguido e Guézer. Então sublinha que as escavações feitas nos tells dessas três cidades trouxeram à luz fortificações com impressionantes portas datadas aproximadamente até o século X a.C. Por isso seria razoável atribuir essas construções ao rei Salomão. Outra escola, porém, pensa em modo diverso. A idéia é defendida por Finkelstein e Silberman (The Bible Unearthed. Archaelogy’s new visionof Ancient Israel and teh origin of its sacred texts). Eles dizem que a história de Israel é uma legenda que tenta dar autoridade à dinastia de Davi. Essa legenda teria sido criada no tempo de Josias, que promoveu a reforma religiosa inaugurando o YHWHismo. Historicamente falando a cidade de Jerusalém, no tempo de Davi não era mais do que “um pequeno mercado escondido atrás de muros e portas com um modesto palácio real e um templo” (p. 3).

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3. A Importância da Arqueologia para os Estudos Bíblicos

Hoje existe uma sadia consciência entre exegetas e arqueólogos da mútua importância que têm. Ambos possuem interesses comuns e cada um dos campos de investigação é importante para o outro. Queremos destacar 4 pontos em que a arqueologia pode ser de grande ajuda para quem quer se aprofundar na Bíblia.
1. O estudo bíblico tem muito a ver com o exame dos manuscritos. Seguramente o avanço maior nesse campo foi a descoberta dos manuscritos do Mar Morto, em 1947. Os arqueólogos determinaram que o material é do período romano e portanto tem muita importância para o estudo do texto sagrado.
2. O AT foi escrito em hebraico e muitas vezes certas expressões não são claras. Elas irão se decifrar na medida em que se estudam as outras línguas semíticas, os textos que nasceram no mesmo ambiente. As línguas antigas são portanto excelente instrumento para iluminar os significados incertos do texto hebraico.
3. A Bíblia é fruto de um contexto geográfico, cronológico e cultural particular. Entender esse ambiente é essencial para a compreensão mais profunda da Palavra de Deus. Essa é a contribuição mais importante que a arqueologia faz aos estudos bíblicos.
4. Com relação à história bíblica a arqueologia é menos útil. As opiniões nesse campo são sempre circunstanciais e às vezes parecem negativas. As excavações revelaram, por exemplo, que certos lugares presentes nos relatos da conquista, na verdade, não eram habitados no fim do segundo milênio a.C. De qualquer forma os resultados arqueológicos servem para questionar as convicções acerca da composição e natureza do texto bíblico.


5. Bibliografia

Por ser um assunto novo para o nosso contexto e que suscita ao mesmo tempo interesse, coloco abaixo algumas indicações bibliográficas que podem ajudá-lo a aprofundar o tema.
ü González Echegaray, J., Arqueología y evangelios, Verbo Divino, Estella 1994.
ü González Echegaray, J., El creciente fértil y la Biblia, Verbo Divino, Estella, 1991.
ü “Arqueologia Bíblica”, em Rasena Bíblica, 20 (1998).




Cordialmente,

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