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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Qual o Significado da Parábola dos Talentos?

        Qual o Significado da Parábola dos Talentos?

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A Parábola dos Talentos está registrada no Evangelho de Mateus (Mateus 25:14-30). O Evangelho de Lucas também traz uma parábola muito semelhante à Parábola dos Talentos (Lucas 19:12-27), porém as duas não são idênticas e foram pronunciadas por Jesus em ocasiões diferentes de seu ministério.

O contexto histórico da Parábola dos Talentos

A Parábola dos Talentos está localizada na narrativa bíblica logo após a Parábola das Dez Virgens. Ela pertence a uma série de exortações de Jesus em relação a sua segunda vinda que ficou conhecido como “sermão escatológico”. Conheça o significado da Parábola das Dez Virgens.
Esse sermão começa a ser registrado no capítulo 24 do Evangelho de Mateus, e naturalmente continua por todo capítulo seguinte (25) focando especialmente a questão da necessidade da vigilância e da realidade do juízo vindouro, onde os salvos e os ímpios serão separados. A Parábola dos Talentos foi contada por Jesus praticamente na véspera de sua morte, isto é, na semana em que foi traído.

Explicação da Parábola dos Talentos

Jesus fala nessa parábola sobre homem dono de propriedades, que, prestes a viajar, confiou seus bens a seus servos. Para um servo ele deu cinco talentos, para outro servo deu dois talentos e para o último servo deu um talento.
Esse “talento” confiado aos servos era uma unidade monetária em uso na época. Estima-se que o talento equivalia a seis mil denários, sendo que um denário era o salário pago pela diária de um trabalhador comum.Logo, um talento equivalia a quase 20 anos de trabalho para a maioria dos trabalhadores da época. Saiba o que é um denário na Bíblia.
Naturalmente esse proprietário era um homem muito rico, e em sua ausência ele esperava que seu dinheiro não ficasse parado. Quando ele confiou tais quantias a seus servos, obviamente ele esperava por rendimentos.
Outra característica interessante é que esse senhor confiou quantidades diferentes de dinheiro a cada servo, ou seja, ele sabia muito bem que uns possuíam mais habilidades para os negócios do que outros. Sob essa lógica, cada servo recebeu uma quantidade adequada de talentos para administrar.
O servo que recebeu cinco talentos conseguiu dobrar esse patrimônio, assim como também o fez o servo que recebeu dois talentos. Já o servo que recebeu apenas um talento, enterrou esse talento e ficou aguardando a volta de seu senhor. O costume de enterrar no chão quantias de dinheiro ou tesouros diversos era uma prática comum da época.
Quando o patrão retornou de viajem, os servos que multiplicaram os talentos apresentaram seus resultados. O proprietário aprovou os resultados obtidos, e ainda prometeu confiar aos servos bons bens ainda maiores. Além disso, ele também convidou os servos a participar de sua alegria, ou seja, comemorar com ele.
Essa expressão remonta a uma ideia de confraternização, uma espécie de festa, onde os servos sentariam à mesa com seu senhor para juntos se alegrarem com os resultados. Já o servo que recebeu um talento e o enterrou, foi chamado pelo de mau, negligente e inútil e, diferente dos outros, ele não foi convidado à participar da confraternização com seu senhor, ao contrário, ele foi perdeu qualquer privilégio que tinha, restando-lhe apenas um terrível lamento. 

Significado da Parábola dos Talentos

Ao longo dos anos diferentes interpretações surgiram sobre a Parábola dos Talentos. Duas interpretações se destacam das demais como principais. Uma defende que esta parábola se refere ao povo judeu, enquanto a outra sugere que o ensino dessa parábola abrange a totalidade dos cristãos, incluindo os cristãos verdadeiros e os nominais.
Claro que esta parábola foi dirigida primeiramente aos discípulos de Jesus, e que eles provavelmente conseguiram estabelecer paralelos claros entre o significado da parábola e as características históricas do ambiente em que viviam. Porém, obviamente os ensinamentos da Parábola dos Talentos não ficaram limitados aos discípulos, mas são alcançam todos os cristãos de todas as épocas.
Muitas interpretações erradas e alegóricas foram feitas sobre esta parábola, que no geral buscam atribuir significados específicos para cada elemento descrito por Jesus (senhor, servos e talentos). Seja como for, o mais  importante é estar atento para não ignorar a mensagem principal da parábola, pois às vezes o excesso de alegorias acaba distorcendo o ensino fundamental transmitido por Jesus.
Seja qual for a interpretação, nenhuma delas pode ignorar que o grande significado da Parábola dos Talentos enfatiza o princípio de que cada um recebe dons e oportunidades, e o servo fiel é aquele que, independentemente da quantidade recebida, age com responsabilidade e diligência, valorizando os bens do seu Senhor.

Lições da Parábola dos Talentos

Podemos aplicar em nossas vidas várias lições presentes na Parábola dos Talentos. Aqui destaco as seguintes:
1. A Parábola dos Talentos ensina que Deus não é injusto: nosso Deus nos concede talentos (dons, habilidades, oportunidades) de acordo com nossa capacidade. Ele seria injusto se confiasse a nós algo que não pudéssemos administrar.
Se colocássemos uma pessoa sem preparo na presidência de uma grande empresa em crise, com a missão de salvá-la da falência em poucos dias, a fim e poupar o emprego de milhares de pessoas, certamente estaríamos sendo injustos, não apenas com a pessoa que foi colocada nessa situação difícil, mas também com todas as outras pessoas que dependeriam do sucesso dela para conservarem seus empregos. Da mesma forma, Deus nos colocaria em situação muito difícil se confiasse a nós uma quantia que não pudéssemos administrar com propriedade.
2. A Parábola dos Talentos ensina que o pouco é muito: algumas pessoas enfatizam o fato de que o servo inútil recebeu “apenas” um talento. Ora, aquele servo com um talento recebeu um montante de vinte anos de salários acumulados de um trabalhador de sua época. Acredite, isso era mais que o suficiente para realizar muitas aplicações a fim de que aquele dinheiro rendesse.
Com isto, aprendemos que o que parece pouco na verdade é muito. Alguns intérpretes defendem que aqueles servos da parábola eram escravos, e nem possuíam salário, porém, se considerarmos que aqueles servos eram trabalhadores comuns da época, o servo que recebeu apenas um talento teve em suas mãos uma quantia que muito provavelmente nunca havia ganhado em toda sua vida (mesmo somando todos os salários que já recebera até então), principalmente devido a expectativa de vida naquele tempo. Mesmo que aos olhos de alguém pareça ser pouco, o que Deus nos confia é muito mais do que poderíamos conseguir por conta própria.
3. A Parábola dos Talentos ensina que nada do que temos é de fato nosso: somos apenas depositários, não somos donos dos talentos que recebemos. Nossa função é administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá, porém Ele é o dono e continuará sendo. Algumas pessoas se vangloriam diante de suas realizações e capacidades, porém não conseguem enxergar que um dia terão que prestar conta de tudo ao verdadeiro dono.
4. A Parábola dos Talentos ensina que devemos multiplicar o que Deus nos dá: ao recebermos tais talentos, em gratidão a Deus por ter depositado em nós tamanha confiança, devemos aperfeiçoa-los a fim de que sejam uteis para a expansão do reino, e que os resultados glorifiquem unicamente ao nosso Senhor.
5. A Parábola dos Talentos ensina que os talentos são valiosos, mas há algo ainda mais valioso: na parábola os dois servos bons receberam uma promessa de que devido ao sucesso diante das responsabilidades que exerceram, ambos seriam colocados em responsabilidades ainda maiores.
Podemos notar a importância dessa promessa quando calculamos o valor do patrimônio que foi confiado ao primeiro servo. Ele ficou responsável por uma quantia equivalente a cem anos de salários de um trabalhador da época. Isso realmente era muito coisa. Porém, o senhor dele comparou essa enorme quantia como “pouco” em relação ao que ele receberia no futuro.
Embora muitas pessoas gostem de fazer alegorias com esse detalhe da parábola, principalmente focando resultados materiais, penso que a melhor interpretação é considerar que nada do que conhecemos ou recebemos nessa terra, por mais valioso que seja, se compara a promessa de que eternamente participaremos da alegria do nosso Senhor.
Quando o proprietário convidou os servos fiéis para participarem de sua alegria, ele ofereceu aos empregados a oportunidade de ocuparem uma posição a qual não tinham direito: eles sentariam à mesa com seu senhor e, regozijando-se, lembrariam do trabalho que foi desempenhado.
O cristão verdadeiro, servo fiel, será convidado a participar de uma mesa a qual não tinha direito algum de participar, porém, não por seus méritos, mas pelos méritos de Cristo, pela infinita misericórdia e bondade do Senhor que confiou a ele os seus talentos.
6. A Parábola dos Talentos ensina que o servo mau, além de negligente, é perverso e não assume a sua culpa: se não lermos atentamente essa parábola, poderemos até pensar que o servo inútil não aplicou o seu talento porque se sentiu inferior aos outros, ou porque realmente teve medo de perder o talento de seu senhor e, por pouco, não acabamos sentindo pena daquele servo. Porém não é nada disto!
É possível notar claramente que aquele servo era mau e perverso, e nas contradições de suas palavras ele revelou uma natureza egoísta que foi incapaz de perceber a bondade de seu senhor. Ele disse: “eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou”.
Já escutei alguns pregadores interpretarem esta expressão como um tipo de elogio. Alguns até enfatizam que “nosso Deus colhe onde não planta”, como se isto fosse um tipo de milagre. Porém essa afirmação do servo mau na verdade foi uma acusação contra o seu senhor, ou seja, com seu comportamento e sua declaração ele estava acusando o proprietário de ser cruel e maldoso.
Quando ele diz que seu patrão “colhe onde não plantou”, ele está querendo dizer que seu senhor exige algo a qual não tem direito de exigir, pois quem não planta não deve colher. Basicamente, em outras palavras ele está dizendo: “O senhor é cruel, e fiquei amedrontado. Não apliquei seu dinheiro e a culpa é totalmente sua”.
A verdade é que aquele senhor só teria sido injusto tentando colher onde não plantou, se ele não tivesse dado nenhum talento para aquele servo. No final da parábola notamos que o patrão declarou que o servo se enforcou em suas próprias palavras: “Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros”.
Perceba que ele simplesmente está falando: “Se você realmente pensa isso de mim, então deveria ter pelo menos deixado o talento com os banqueiros para que você pudesse me apresentar algum juro e talvez ser poupado da minha crueldade”. O servo incompetente não assume seus erros, ao contrário, ele busca apresentar desculpas.
7. A Parábola dos Talentos ensina que até o pouco que se tem será tirado: o servo inútil era também mentiroso. Quando ele afirmou que devolveria tudo o que pertencia ao seu senhor ele estava mentindo, pois o que de fato pertencia ao seu senhor não era apenas o talento, mas os juros também.
Quando depositamos uma quantia no banco esperamos reavê-la corrigida por juros, esse é o nosso direito, caso contrário estaríamos sendo roubados. Aquele servo mau também roubou o seu senhor. Daí vem a ordem para tirar-lhe até o pouco que tinha, pois naquele momento ele passou a ser devedor de seu senhor.
8. A Parábola dos Talentos ensina que receber talentos não significa ser aprovado por Deus: algumas pessoas interpretam esta parábola de forma totalmente errada. Confundem os talentos com a graça salvadora de Deus, ou pior, identificam o “manusear dos talentos” como sendo obras que podem conduzir alguém a salvação.
Definitivamente esse não é o princípio ensinado na Parábola dos Talentos, mas se fossemos aplicar o conceito de salvação, seguramente podemos dizer que o servo mau não perdeu a salvação como muitos alegam, na verdade ele nunca a teve, pois, embora fosse chamado de servo, ele não conhecia o seu senhor, e o julgava de maneira completamente equivocada. Porém, essa parábola trata de talentos que são confiados aos homens e que podem ser multiplicados, perdidos, tirados, escondidos ou enterrados em um lugar como se algum dia pudessem servir para absolvê-los do juízo que virá (cf. Mateus 7:22,23).
Cordialmente,

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